Primeiro
neurocientista negro a se tornar professor titular da Universidade de
Columbia, em Nova York (EUA), Carl Hart, 48, foi barrado na quinta-feira
(27) na entrada do hotel cinco estrelas onde se hospedaria e
ministraria uma palestra a convite do seminário do Instituto Brasileiro
de Ciências Criminais (IBCCrim), em São Paulo.
Resolvido
o imbróglio, Hart percebeu que era o único negro no auditório no qual
falou para advogados criminalistas e juízes. "Vocês deveriam ter
vergonha disso", disse ele à plateia.
Procurada,
a administração do hotel Tivoli Mofarrej, nos Jardins, informou que não
havia mais ninguém da assessoria de imprensa deles e, portanto, só
poderia tratar do assunto na segunda-feira (31).
A
palestra de Hart no evento foi sobre como a guerra às drogas tem sido
usada para atingir certos grupos sociais mais vulneráveis, entre eles,
jovens pobres e negros, em lugares como o Brasil e os EUA.
Em
entrevista à Folha, Hart, que pesquisa drogas há 20 anos, disse que sua
percepção sobre o assunto mudou drasticamente quando começou a "olhar
para quem estava preso por crimes ligados às drogas nos EUA".
"Apesar
de os negros serem menos da metade dos usuários de drogas nos EUA, eles
compõem muito mais da metade dos presos por causa de drogas. Um em cada
três jovens negros americanos serão presos pelo menos uma vez na vida
por causa das leis de drogas", explicou. "Ou seja, a guerra às drogas
tem sido usada para marginalizar os pobres." (Folha de .Paulo)
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