A última de Fernando Henrique “uma declaração por dia” Cardoso (by
Brasil 247) foi tentar culpar o sucessor direto, Luiz Inácio Lula da
Silva, pela corrupção na Petrobrás. Antes, disse que a corrupção no
Brasil foi inventada pelo PT. Antes, disse que o governo Dilma deveria
cair. Antes, disse que o governo Dilma não deveria cair. Antes…
Desde que Dilma Rousseff assumiu seu segundo mandato, não passa uma
semana ininterrupta sem que o ex-presidente tucano dê alguma declaração
atacando-a ou ao seu partido ou a Lula, à diferença do que ocorreu
durante a campanha eleitoral do ano passado.
Durante o processo eleitoral de 2014, mais uma vez o PSDB escondeu o
seu líder maior, assim como fez em 2002, 2006 e 2010. A razão reside em
pesquisa Datafolha publicada em 6 de junho do ano passado, que revelou a
enorme impopularidade do ex-presidente.
Segundo o Datafolha de
6 de junho de 2014, os que “com certeza” optariam por um candidato a
presidente sugerido por Fernando Henrique Cardoso eram 12%. Mas o
destaque da pesquisa foi a influência negativa do tucano: 57% diziam que
não votariam em alguém apoiado por ele. Por conta disso, a campanha de
Aécio Neves o escondeu.
Por alguma razão, FHC acha que deve falar sem parar sobre
“estelionato eleitoral”. Ele que, em 1998, disse que se Lula se elegesse
presidente iria desvalorizar o real. Contudo, o tucano se reelegeu e,
semanas após a reeleição, fez o que disse que o adversário faria,
jogando o Brasil em uma das maiores crises econômicas da história
recente.
FHC falar em “estelionato eleitoral” ou em crise econômica é uma
piada de muito mau gosto. Aliás, qualquer tentativa de comparar a
situação econômica de hoje com a de 1999, ano do segundo governo tucano,
é ridícula.
Na última segunda-feira, a agência de classificação de risco Standard
& Poor’s manteve a nota de crédito do Brasil em “investment grade”,
nota essa que afiança aos investidores internacionais que o país é
seguro para investir.
Existe alguém honesto que seja capaz de dizer que essa era a
realidade do Brasil no início ou no fim do segundo mandato de FHC? Em 2002,
último ano do governo FHC, o Brasil foi colocado pela mesma Standard
& Poor’s na categoria “investimento especulativo”, ou seja, de risco
elevado, a quem investisse aqui, de levar calote.
Sim, a popularidade de Dilma e do PT está no fundo do poço. Não se
pode negar isso. A falta de explicação sobre o ajuste fiscal, a
artilharia midiática e as críticas de setores da esquerda e até do PT às
medidas de equilíbrio fiscal geraram um temor muito mais psicológico do
que factual sobre a situação do país.
Isso quer dizer que os brasileiros esqueceram do que foi a era FHC?
Será que os 57% que, ano passado, disseram que nem amarrados votariam em
um candidato indicado pelo tucano, de repente, só porque acham que
Dilma cometeu estelionato eleitoral tanto quanto ele, mudaram de ideia?
Duvido e faço pouco. Aliás, isso vale para o PSDB. Se hoje houvesse
uma disputa entre Marina Silva e Aécio Neves, por exemplo, o tucano
perderia de lavada. Sobretudo se Marina se voltasse para o campo
progressista.
Aliás, a manutenção da nota de crédito do Brasil pela Standard &
Poor’s constitui uma péssima notícia para FHC e seu partido, até porque a
agência afirma que, ano que vem, a economia brasileira voltará a
crescer.
Os brasileiros estão esperando uma torrente de desgraças pela frente,
mas o que o mercado diz é que a situação é muito menos feia do que
parece.
Se não ocorrerem as desgraças previstas, se os brasileiros
constatarem que o que estão esperando de trágico não sobreveio, Dilma
pode se recuperar. Já o que o país viveu sob FHC e seu partido, nunca
será esquecido porque é história.
Aliás, mesmo que Dilma e seu partido não se recuperem, isso não irá
reabilitar FHC. Uma nova força política emergirá. Pode ser Marina Silva,
pode ser até, de repente, alguém bem mais à esquerda do que Dilma, de
um partido mais à esquerda que o PT.
FHC sabe disso. Tanto sabe que nunca mais se candidatou a nada. Mas
anda sonhando até em disputar a Presidência da República. Mas está
incorrendo em um autêntico autoengano. Contudo, seria bom para o Brasil
que ele tivesse essa coragem. Mas vai acordar. Não é tão estúpido. Sabe
muito bem o que fez, apesar de ser tão cara-de-pau.
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