247 – As previsões de racionamento de energia no
Brasil, intensificadas na mídia recentemente devido ao apagão ocorrido
em dez estados e no Distrito Federal na semana passada, vêm
acompanhadas, desde 2012, do argumento de falta de chuvas no Sudeste.
Ignoram, porém, dados importantes sobre uma verdadeira revolução
silenciosa que vem acontecendo, há vários anos, nas regiões Sul e
Nordeste do País.
A evolução da energia eólica, produzida em maior parte nos estados do
Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Piauí, traz
números impressionantes, capazes de descartar especulações sobre
racionamento por falta de energia no Brasil. O ano de 2014 foi concluído
com cerca de 5 GW instalados no País, que chegará em 2018 com, no
mínimo, 15 GW já oficialmente autorizados, mais que as usinas de Itaipu
ou Belo Monte.
Existem ainda novas usinas eólicas sendo frequentemente liberadas
para operação comercial em dezenas de municípios, como mostra o site Energia Mapeada,
que compila dados oficiais da Aneel sobre energia limpa. "Até o fim de
2015, o Brasil já estará entre os dez maiores geradores de energia
eólica no mundo", afirma o engenheiro eletricista Alarico Neves Filho,
responsável pela página.
Atualmente dependente das chuvas para gerar 70% da energia elétrica, o
Brasil tem potencial eólico capaz de abastecer quase três vezes a sua
demanda, segundo estimativas mais recentes do setor. Além de ser hoje a
fonte de expansão mais barata, a energia produzida através da força dos
ventos é também a mais ecologicamente correta.
Viabilidade
Pesquisada há mais de 50 anos, a energia eólica economicamente viável
tem pouco mais de 20 anos. Os países precursores dessa tecnologia ficam
na Europa: Dinamarca e Alemanha. Recente no Brasil, ela vem
contribuindo significativamente para o desenvolvimento do País,
abastecendo hoje cerca de quatro milhões de casas, ou 12 milhões de
pessoas – o equivalente à cidade de São Paulo – segundo dados da
Associação Brasileira de Energia Eólica.
Presente no Senado em um debate sobre o assunto, a presidente da
entidade, Élbia Melo, defendeu que o Brasil precisa superar uma "visão
turva" sobre essa fonte de energia, que a coloca em desconfiança sob o
argumento de que esse recurso seria "sazonal e intermitente". Ela
destacou que toda fonte que vem da natureza é, por definição, sazonal e
intermitente, mas que é possível conter riscos no caso da eólica por
meio do aumento da quantidade de geradores montados.
Foram contratados desde 2009, a partir do primeiro leilão competitivo
com participação eólica, mais de 12 GW de capacidade eólica instalada, o
que representa cerca de 10% de toda a matriz energética brasileira,
incluindo as fontes nuclear, hidrelétrica, carvão, biomassa e outras. A
energia eólica hoje instalada representa cerca de 4% do total de energia
para o sistema e deve crescer fortemente nos próximos anos, podendo
chegar a 10% em 2018.
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