Do Jornal GGN
É sempre útil ter cautela com a embalagem que Veja usa para embrulhar suas “denúncias”.
No final da tarde de
sexta-feira, depois da primeira matéria da Agência Estado sobre o
suposto depoimento de Paulo Roberto Costa, o comentário geral era que a
revista Veja divulgaria todo o depoimento e a lista de políticos citados
(que chegava a 62).
A revista estimulou o
boato, antecipando para as 18h a divulgação da capa da semana. Uma capa
genérica, sem nomes. O texto anunciava que eles viriam na edição
impressa, junto com informações exclusivas sobre o “esquema de corrupção
da Petrobras”.
Mais uma vez, Veja vendeu
o que não tinha, ou muito mais do que tinha. Quanto a nomes, dois
ex-governadores, a governadora Roseana, o ministro Lobão, um ex-ministro
do PP, oito parlamentares e o tesoureiro do PT. Os suspeitos de sempre.
A revista não traz as
prometidas informações sobre negociatas na Petrobras. O único exemplo
mencionado é uma notícia requentada sobre uma operação de debêntures,
que supostamente envolveria a Postalis (e que não se realizou porque os
supostos autores foram presos).
Sobrou a embalagem.
Sobrou? Veja não mostra papel, não mostra vídeo, não mostra um indício
sequer de que botou a mão na massa. Tanto quanto o Estado e a Folha,
ouviu um relato sobre o depoimento. A revista não cita fontes, reais ou
fictícias. Não ousa escrever que “teve acesso ao depoimento”. Sequer
recorre ao surrado “uma fonte ligada às investigações”.
Veja blefa, mais uma vez.
Mas alguém conversou sexta-feira com a revista e com os portais, e
vendeu um prato requentado. E quase simultaneamente, o Valor informava
sobre mais um advogado que deixava a defesa de Paulo Roberto. Assim, de
repente, sem explicações.
Um advogado à solta,
neste momento, é conveniente para ocultar e lançar pistas falsas sobre a
fonte do vazamento. Fonte criminosa, posto que a delação corre em
sigilo.
A bola está com a direção da PF, com o PGR e com o ministro Teori, que podem dar um basta nesses vazamentos seletivos
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