247 - Na ausência
de um novo escândalo, a revista Veja desta semana optou por dedicar sua
capa a uma peça de propaganda em favor de Marina Silva, candidata do PSB
à presidência da República.
Na capa "A fúria contra Marina", a
revista acusa o Partido dos Trabalhadores de promover baixarias contra a
candidata que, hoje, representa a esperança de vitória de setores mais
conservadores da sociedade brasileira na disputa presidencial de
outubro. "Nunca antes neste país se usou de tanta mentira e difamação
para atacar um adversário como faz agora o PT", diz o subtítulo.
Veja não se referia às diversas
tentativas frustradas comandadas por ela própria para tentar impedir
vitórias do PT em 2002, 2006 e 2010, como as capas sobre os dólares de
Cuba, o apoio financeiro das Farc ao PT ou os pacotes de dinheiro
entregues na Casa Civil – teses que jamais se comprovaram.
O tema da reportagem desta semana é a
crítica que começou a ser feita, pelo PT, a algumas contradições de
Marina. O texto de Veja lista o que chama de "as 6 mentiras de Dilma".
Seriam as seguintes: Marina vai abandonar o pré-sal, será um novo
Collor, Banco Central independente significa miséria para os
brasileiros, Marina é sustentada por banqueiros, vai acabar com o
Bolsa-Família e vai tirar R$ 1,3 trilhão de reais da educação e da
saúde.
O problema é que muitas dessas
"mentiras" estão mais próximas da realidade do que da fantasia. Foi a
própria Marina quem, em seu programa de governo, negligenciou o pré-sal,
dedicando algumas poucas linhas ao grande vetor da economia brasileira
nos dias de hoje.
Sobre o fato de ser sustentada por
banqueiros, é uma verdade absoluta. Afinal, Neca Setubal, herdeira do
Itaú doou 83% dos recursos que bancam seu instituto. E graças a essa
generosidade passou a falar em nome da candidata, defendendo uma agenda
que atende ao interesse de bancos privados, com propostas como a
independência do Banco Central.
Sobre ser um novo Collor, a crítica
do PT não é dirigida à personalidade de Marina, mas sim à sua falta de
sustentatação política e ao fato de se colocar acima dos partidos, com
sua promessa de uma "nova política".
Ao vitimizar Marina, Veja sinaliza
que, hoje, acredita mais na candidata do PSB do que em Aécio Neves, do
PSDB, como alternativa mais viável para derrotar o PT. Hoje, faltam
pouco mais de vinte dias para as eleições presidenciais, período que
comporta mais três capas de Veja.
Ao que tudo indica, o arsenal de
denúncias da revista se esgotou e resta à editora da Marginal Pinheiros
apelar a novas peças de propaganda política.
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