Por Dilson Peixoto
Entre os males comumente associados à chamada ‘classe política’, da
qual com orgulho faço parte, um deles, de fato é sintomático: a
incoerência nos discursos e a prática muito, mais muito distante da
teoria.
Ao longo da história da humanidade este ‘fenômeno’ tem sido
recorrentemente observado naqueles políticos que têm como norte algo
semelhante à biruta de ventos, usualmente existente em aeroportos,
heliportos, etc. Vale o discurso da ocasião, aquilo que fatias do
eleitorado gostariam de ouvir.
Vejamos, por exemplo, o caso do Senador Jarbas Vasconcelos: quando a
então deputada Ana Arraes foi elevada a condição de candidata a ministra
do TCU, ele subiu à Tribuna do Senado, no dia 27 de setembro de 2011 e
sem meias palavras afirmou:
“Um governador, seja ele quem for, deixa os seus afazeres, deixa de
cuidar dos interesses do Estado para eleger a mãe para o TCU. É um
absurdo, não é uma coisa natural, não é uma prática republicana. É um
exemplo do vale-tudo na política. Se o que ocorreu na Câmara nas últimas
semanas não é nepotismo, não é abuso do poder político e uso da
máquina, eu não sei mais o que é. Quando chegar uma determinada conta do
Governo Eduardo no TCU, qual será a postura da nova ministra? Ela
estará sempre sob suspeição. Isso não é modernidade, é nepotismo, é
política do compadrio, do coronelismo. É atraso do pior tipo possível”.
Pouco depois, o mesmo senador passou a ser cortejado pelo filho da já
ministra do TCU e hoje, segundo o que se lê na imprensa, docilmente
aceitou ser escolhido pelo governador como um dos herdeiros do espólio
eleitoral do seu inimigo recente, Sergio Guerra.
Esta prática tem se tornado mais frequente na medida em que as
pesquisas de opinião e o marketing político passaram a determinar o
discurso dos candidatos. Não importa o que se falou, as opiniões
emitidas sobre pessoas, governos, políticas públicas, etc. O importante é
seguir as tendências da moda, da ocasião. É ‘pintar’ o adversário com
as cores que facilitam o combate a suas propostas e realizações.
O ‘novo’ discurso do governador de Pernambuco, infelizmente vai nesse
diapasão: a presidenta Dilma tem sido alvo exclusivo dos ataques
desferidos pelo candidato do PSB. Em 2012, afirmava: Dilma é a mais
preparada para governar o Brasil. Hoje, nada mais é do que ‘alguém que
não conhece o Brasil’, ‘que acha que sabe tudo e não sabe nada’.
Até setembro de 2013, quando o PSB fazia parte do governo, o Brasil
estava ‘no rumo certo’, ‘gerando empregos’, ‘descentralizando o
crescimento econômico’, ‘acabando a pobreza’, ‘investindo na educação’,
entre outros acertos. Mas hoje, o ‘governo mofou’, ‘ninguém aguenta mais
quatro anos de governo com Dilma à frente’.
Agora o governador fala na juventude do seu candidato como uma grande
vantagem em comparação ao senador Armando Monteiro, mas se esquece da
odienta campanha que a direita fez contra o seu avô, o saudoso e
inesquecível Miguel Arraes, na eleição de 1986, onde ele era o velho e o
novo, o seu oponente.
Mas, semana passada o nosso governador se superou. Numa entrevista a
uma Rádio de Bom Conselho, antes de atacar a condução econômica do
Brasil e as políticas do governo federal, tentou desqualificar a
presidenta Dilma afirmando:
“Ela nunca se candidatou a vereadora, deputada, senadora e já foi eleita presidenta”.
Ou seja, no afã de tentar destruir a imagem da presidenta, esqueceu
que o atual prefeito do Recife, por ele ungido em 2012, nunca havia sido
candidato nem a dirigente de grêmio estudantil. E pior, o nome
escolhido por ele, hoje, para tentar sucedê-lo igualmente nunca foi
candidato a nada. É como diz o ditado: “O pau que dá em Chico, não dá em
Francisco”.
Fico a pensar com meus botões: será que esse discurso falacioso e incoerente será suficiente para eleger alguém?
Tenho certeza que não. O povo brasileiro está vacinado, ao longo de
várias eleições. E Pernambuco tem um povo altivo, independente, que
nunca aceitou cangalhas vindas de quem quer que seja. Ele próprio, em
2006, já foi beneficiado por esta independência e altivez quando foi
espetacularmente eleito, com o apoio entusiasta dos que hoje estão
‘mofados’, contra os mesmos que agora são seus aliados.
Como afirmei há alguns dias, a roda gira.
Dilson Peixoto é dirigente petista, ex-secretário das Cidades de Pernambuco.
O FATO MAIS INUSITADO QUE EU VI O GOVERNADOR DE PERNAMBUCO PRATICAR FOI SUBIR NO PALANQUE DOS INIMIGOS QUE ONTEM LHE ATIRARAM PEDRAS,PUSERAM AO CHÃO A BIBLIOGRAFIA DE UM HOMEM DA QUALIDADE DE UM DR. MIGUEL DE ARRAES DE ALENCAR QUANDO, ESSAS MESMAS FORÇAS TRAÍRAM O VELHO MESTRE CHAMANDO-O DE GAGA E DE TER TRAZIDO A ZONA RURAL A ENERGIA VAGA-LUME.
ResponderExcluir