sexta-feira, 23 de novembro de 2012

ARTIGO DE OPINIÃO: DIGNIDADE



DIGNIDADE

Há um ditado que diz “Todo homem tem seu preço”. Será que essa afirmação é verdadeira? Pode até ser. Mas muitos foram os homens e mulheres, que, desafiando essa lógica, provaram que há algumas coisas na vida que não têm preço, e uma delas é a dignidade. O filósofo Immanuel Kant disse que a dignidade é o valor absoluto da racionalidade humana. Essa definição explicita-se a partir da diferença entre o preço e a dignidade, pois esta é a diferença entre valor de mercado e o valor moral. Segundo Kant, as coisas têm preços e as pessoas têm dignidade. O sentido de valor absoluto representa o que está acima de todo preço e, por conseguinte, o que não admite equivalente, isto é, o que tem uma dignidade.
São centenas de exemplos que a história nos traz de pessoas que suportaram todo tipo de privações, torturas físicas e psicológicas para cederem aos seus ideais e não o fizeram, pela honra de sua dignidade. Podemos começar com Gregório Bezerra, um homem que lutou contra o regime militar e sofreu as mais bárbaras torturas que um ser humano podia sofrer; mesmo assim, não abriu mão de sua dignidade e nunca se curvou aos interesses dos poderosos. Frei Caneca, um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, acabou sendo morto por fuzilamento, mas deixou exemplo de luta pela independência do Brasil.
Nelson Mandela, líder do movimento contra o Apartheid na África do Sul, passou 30 anos de sua vida na prisão e, de lá, só saiu em 1990, para se tornar presidente de seu país, e é um dos maiores estadistas do mundo. Recebeu o prêmio Nobel da Paz da ONU, por sua luta contra as injustiças e a miséria no mundo, e também em seu país. Miguel Arraes poderia ter cedido aos militares quando o pediram para que renunciasse o cargo de governador. O que, prontamente, recusou para, em suas palavras, "não trair a vontade dos que o elegeram". Em consequência, foi preso na tarde do dia 1º de abril, no entanto manteve-se fiel aos seus ideais.
A atual presidenta Dilma Russef, que mesmo sob tortura, não entregou os seus companheiros para serem mortos, acabou sendo premiada pela vida, quando se tornou presidenta do Brasil. Hoje é chefe das forças armadas que a torturou. Poderíamos citar centenas de homens e mulheres que nunca venderam sua dignidade e se tornaram exemplos a serem seguidos por nós e futuras gerações; entretanto, não só foram esses famosos que demonstraram ter dignidades. Como se esquecer dos anônimos que morreram nos porões da ditadura, dos que morreram de fome nas fazendas dos coronéis, espalhados pelo nosso Brasil? Dos irmãos negros que morreram nas senzalas durante 300 anos de escravidão e que, até hoje, pagam o preço dessa barbaridade, sofrendo o preconceito de uma elite branca reacionária?
Devemos, mais do que nunca, buscar ser dignos, mesmo no mundo onde diz que ser honesto é ser tolo. Nunca devemos nos deixar levar por pressões dos poderosos, mesmo sob ameaça de vida. O homem deve manter-se fiel à sua dignidade, pois ela não tem preço. E, somente, nós podemos proteger nossa dignidade. Como diz Mahatma Gandhi: “A dignidade pessoal e a honra não podem ser protegidas por outros, devem ser zeladas pelo indivíduo em particular”.

Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.









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