A ex-presidente Dilma Roussef e o atual presidente, Michel Temer, durante a campanha de 2014
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
O
ministro Herman Benjamin começou a ouvir os executivos da Odebrecht
sobre o financiamento da campanha vitoriosa em 2014. Se eles confirmarem
as suspeitas da Lava Jato, o relator deverá pedir a cassação da chapa
Dilma-Temer. É por isso que o governo está botando o bloco na rua para melar o processo no Tribunal Superior Eleitoral.
O
Planalto opera em três frentes para estancar a sangria na corte. Na
primeira, articula novas chicanas para protelar ainda mais a
investigação. Na segunda, prepara a troca de três ministros antes do
julgamento. Na terceira, aposta na pressão política para convencer o TSE
a poupar o presidente da guilhotina.
A
ordem para empurrar o processo com a barriga é antiga. Na Quarta-Feira
de Cinzas, surgiu uma novidade. Assessores de Temer informaram que ele
estuda pedir a anulação dos depoimentos da Odebrecht. No mínimo, o novo
recurso retardará mais o julgamento. Se possível, até 2018.
A
outra aposta do Planalto é a troca dos ministros do tribunal. Dois já
serão substituídos até maio. Agora o governo passou a contar também com a
saída do relator Benjamin. É como se um time que corre o risco de
perder pudesse substituir o juiz e os bandeirinhas antes do fim do jogo.
Se
nada disso funcionar, o Planalto sacará a arma política. Aliados de
Temer já argumentam que a cassação do mandato seria uma pena rigorosa
demais para o crime de financiamento irregular de campanha. Além disso,
as reformas estão aí e a elite econômica quer evitar novas incertezas.
Mesmo que para isso seja necessário deixar de aplicar a lei.
No
dia em que Marcelo Odebrecht depôs ao TSE, a liga do samba carioca
produziu um típico acordão à brasileira. A poucas horas da apuração, os
barões do bicho se reuniram e rasgaram o regulamento. O pacto impediu
que uma grande escola fosse rebaixada após o desabamento de um carro
alegórico. Se deixarem, os marqueses de Brasília ainda transformam o
Brasil numa grande Sapucaí.
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