Portugal,
com o rei D. João III, Espanha, com o imperador Carlos V, e o Vaticano,
com o papa Alexandre VI, mancomunaram-se para a assinatura do Tratado
de Tordesilhas, que dividiu entre as duas potências ibéricas a recém
descoberta América do Sul, que nem se chamava assim.
Agastou-se
François I, rei da França, garfado pela impossibilidade de participar
do festim. Não reconheceu o tratado e ainda por cima fez chegar aos
adversários singular contradita: “gostaria de ver a cláusula do
testamento de Adão que me afastou da partilha do mundo...”
O
testamento de Adão continua frustrando muita gente. Por exemplo, quem
deu a Michel Temer o direito de eleger-se presidente da República sem
ter-se submetido a eleições? Através de manobras parlamentares fajutas,
depois do impeachment de Dilma Rousseff, o então vice assumiu o palácio
do Planalto de forma nada ética, apesar de constitucional. O resultado é
que no passado carnaval, milhões de foliões gritavam “fora Temer!”, até
obrigando o governo a expedir nota oficial acentuando que não se
pronunciaria.
Acima
e além da lei existe a natureza das coisas, e ela indica a rejeição da
nação ao presidente da República. Ainda que tivesse feito milagres,
acabando com o desemprego, a fome, a miséria e a corrupção Temer
continuaria contando com o repúdio nacional. Repetiu outra vez, nessa
quarta-feira de Cinzas, que não se candidatará à reeleição. Seria bom
conferir, em 2018, porque além da evidente ambição de todo ser humano, a
realidade é de que o PMDB não tem candidato saído de seus quadros. Como
maior partido na sustentação do governo, faltam alternativas políticas e
pessoais para a disputa. Sobra apenas Michel, pois parece claro que a
recuperação econômica jamais se alcançará em dois anos, coisa que
favoreceria Henrique Meirelles. Sendo assim, para garantir a poderosa
estrutura montada a partir do PMDB, resta só ele. Esse raciocínio começa
a germinar nas bancadas do partido e mais crescerá. É preciso
perguntar: e a nação? Melhor encontrar logo o testamento de Adão...
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