Depoimento de delator ao TSE repete acusação apresentada a Janot
Blog do Kennedy
Em relação ao processo contra a chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), uma informação dada ontem pelo ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior tem, somente por ora, mais importância política do que jurídica. Segundo o depoente, a empresa deu R$ 9 milhões em caixa dois a campanhas do PSDB em 2014 a pedido do presidente do partido, o senador Aécio Neves (MG).
A informação de BJ, como é conhecido Benedicto Júnior, sinaliza que a futura quebra do sigilo das delações da Odebrecht complicará a carreira política de Aécio. O ministro relator do processo contra a chapa Dilma-Temer no TSE, Herman Benjamin, não avançou em detalhes do depoimento de BJ por considerar que a informação a respeito do tucano não tinha relação com o caso em análise.
É fato, mas, de acordo com a reportagem da “Folha de S.Paulo”, a informação teria, nas palavras do ministro, “relevância histórica”. Para o processo em análise no TSE, existe, sim, “relevância histórica”, porque o PSDB presidido por Aécio é o autor da ação que pede a anulação da chapa Dilma-Temer.
A revelação de BJ mostra que o PSDB agiu com hipocrisia ao propor essa ação e que teria usado método ilegal de arrecadação de recursos eleitorais, exatamente a acusação feita contra o PT. Ou seja, o episódio diminui ainda mais a autoridade moral dos tucanos para criticar a corrupção dos outros e desmonta as versões para encobrir a própria sujeira.
BJ e outros delatores da Odebrecht estão repetindo exatamente o que já disseram à Procuradoria Geral da República em suas colaborações premiadas. Apesar do pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que os depoimentos ao TSE fossem mantidos em sigilo, tem ocorrido um festival de vazamentos.
Diante do que disse BJ, afirmando que R$ 9 milhões via caixa dois irrigaram campanhas tucanas a pedido de Aécio, provavelmente Janot pedirá a abertura de um inquérito para investigar o presidente do PSDB, que já responde por acusação de receber propina de Furnas, uma estatal elétrica.
O presidente do PSDB, que é o principal partido aliado do governo Temer, vai se enfraquecer politicamente. Ele dificilmente conseguirá ser candidato a Presidente pelo PSDB em 2018 _o tucano disputou o Palácio do Planalto em 2014 e perdeu.
Apesar de Aécio negar irregularidades, a Lava Jato vem mostrando que políticos do PT, do PSDB e do PMDB beberam na mesma fonte da corrupção empresarial. A quebra dos sigilos das delações da Odebrecht não vai ferir apenas o PT, que já perdeu o poder, mas também peemedebistas e tucanos que derrubaram Dilma da Presidência.
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