Resumo da ópera
Um amigo jornalista produziu um excelente resumo da situação em que nos encontramos.
Segundo ele, a receita conservadora está clara. Querem inabilitar o
Lula para a eleição de 2018, prendendo-o ou tornando-o inelegível. O
setor de centro esquerda ficaria sem canal institucional de atuação,
quadro político parecido com o da Colômbia, onde a esquerda A acabou na
clandestinidade.
A direita sabe que o passo seguinte da inabilitação do Lula seria os
movimentos sociais e populares radicalizarem, de modo que a PM paulista
já se reequipou – equipamentos usados em recente ação de reintegração de
posse na zona Leste de São Paulo parecia os das tropas Israel na Faixa
de Gaza.
A prisão do líder do MTST paulistano Guilherme Boulos mostrou que o
caminho dos golpistas será prender lideranças de oposição para criar
medo de divergir do regime – Boulos foi acusado de protestar
anteriormente contra Michel Temer, como se fosse proibido protestar
contra presidentes da República.
Mas o país vai explodir de qualquer jeito porque há outro fato grave,
a economia. A crise das empreiteiras ja bateu nos bancos. Ninguém está
pagando empréstimos. Vamos ver um quadro louco de banco pedindo para
baixar juros porque a economia parou.
Segundo o amigo que produziu a análise, é como se o senhor de engenho
dissesse ao capataz: “Não bate tanto nos escravos porque se não eles
não aguentam colher a cana”.
Fora isso, há o cenário externo. Com protecionismo (Trump, Brexit etc.) não haverá como recorrer à poupança externa.
Quatro motores poderiam alavancar economia brasileira:
1 – Consumo das famílias, mas elas estão quebradas;
2 – Investimento externo, mas ele está parado; perspectiva de que o
FED (Banco Central norte-americano) suba juros nos EUA vai manter
capital especulativo por lá;
3 – O capital nacional, que poderia atuar para tirar a economia da depressão, está na cadeia;
4 – Sobra o investimento público, mas está estrangulado pela PEC 55, o
famigerado teto de gastos públicos que fará o investimento público ser
cada vez menor nos próximos 20 anos, levando o Brasil à estagnação.
Trabuco, do Bradesco, veio a público tentar injetar otimismo e
afastar o risco sistêmico imanente, mas pode ser tarde demais. Os bancos
estão preocupadíssimos com 2017. Não é com 2018, é com este ano mesmo
(!).
Quadro é trágico: Estado policial impedindo o líder da oposição de
disputar eleições, economia em frangalhos, caminho aberto para o
fascismo, que está bem vivo. Recentemente, o diário inglês Financial
Times associou o deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro ao
nazifascismo.
Eis no que deu o esforço desumano (literalmente) para tirar o PT do
poder. Em benefício do preconceito, da ignorância, do autoritarismo, da
ganância, os golpistas supracitados atiraram o país em um abismo do qual
levará décadas para sair. Talvez nenhum de nós esteja mais vivo quando
isso acontecer.
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