Robson Sávio Reis Souza Doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas.
Está na página institucional do Ministério Público Federal as competências do Procurador-Geral da República:
O procurador-geral da República é o chefe do Ministério Público
Federal e exerce as funções do Ministério Público junto ao Supremo
Tribunal Federal (STF), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo
também o procurador-geral Eleitoral. O PGR deve sempre ser ouvido em
todos os processos. No STF, o PGR é legitimado a propor ações diretas de
inconstitucionalidade, representação para intervenção federal nos
estados e no DF, além de propor ações penais públicas e cíveis. No STJ, o
PGR pode propor representação pela federalização de casos de crimes
contra os direitos humanos e ação penal. O PGR é quem designa os
subprocuradores-gerais da República para exercer, por delegação, funções
junto aos diferentes órgãos jurisdicionais do STF e do STJ.
Portanto, há que se perguntar: por que o sr. Rodrigo Janot resolveu
dar uma de embaixador anticorrupção do Brasil no encontro de Davos? Essa
é uma nova atribuição da PGR?
Na ausência de Temer, o decorativo, coube ao representante do
rentismo internacional que dirige nossa economia, o Sr. Meireles,
representar o país no encontro dos usurpadores da riqueza mundial. Levou
à tiracolo o procurador-geral da República, com a missão de dizer aos
detentores do capital especulativo internacional que no Brasil se
combate a corrupção. Realmente, esse governo é simultaneamente trágico e
hilário!
Será que o sr. Janot acha que os investidores internacionais,
conhecendo o staff dos três poderes da república, acreditarão no combate
a corrupção nessa república das bananeiras, como se fossem os leitores
de veja ou os expectadores do jn? Que acreditam nesse conto da
carochinha segundo o qual a PGR e a Justiça brasileira agem com isonomia
e retidão no combate aos maus feitos públicos e privados?
É preciso dizer ao sr. Janot que só os batedores de panelas e
alienados midiáticos acreditam que um governo de corruptos – do qual ele
se dignou ser embaixador - combate a corrupção.
Por um acaso está no rol das (novas) funções da PGR fazer pirotecnia
em foros internacionais, para tentar salvar a imagem carcomida, pelo
menos lá fora, de uma juristocracia e uma camarilha golpista atoladas em
privilégios e ações nada republicanas?
Talvez haja uma explicação plausível para a ida do sr. Janot até
Davos. Lá (o ápice do encontro dos rentistas internacionais - que
expandem seus negócios graças à corrupção generalizada que move o
capitalismo neoliberal -), está travestida na sua forma mais perversa a
pseudo-narrativa do combate a corrupção. É onde os grupos que manipulam o
cerne da corrupção internacional se reúnem para louvar o combate à
corrupção. Nisso, há muito em comum entre Davos e essa república das
bananeiras.
Assim sendo, depois da embaixada do sr. Janot a Davos, sugerimos às
organizações globo a criação de mais uma categoria de premiação: o
troféu vendedor de ilusões
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