No fundo de um auditório, um grupo de estudantes inicia o coro de "golpista". O alvo do protesto se exalta e responde com gritos e gestos ofensivos.
Parte do público dá as costas ao palco e aplaude os manifestantes. O
político ameaça avançar na direção deles, mas é contido por assessores e
abandona o evento.
Aconteceu
na sexta passada, num festival de cinema em Petrópolis. Os militantes
que iniciaram a provocação eram da juventude do PC do B. A autoridade
que reagiu com o fígado era o ministro da Cultura, Marcelo Calero. A
cena foi filmada com celulares e viralizou nas redes sociais.
Segundo
participantes do protesto, Calero gritou, com ironia, que era "golpista
sim, com muito orgulho". A assessoria do ministro diz que ele berrou
"golpistas são vocês". Concedendo-se o benefício da dúvida a Calero, o
que sobra é uma autoridade incapaz de manter o controle diante de uma
manifestação de estudantes.
Em
nota, o MinC disse que o ministro foi vítima de ação "agressiva e
intimidatória". "O público presente ficou estarrecidos [sic] com as
manifestações de intolerância", afirmou, apesar de as imagens indicarem
outra coisa. O texto não cita nem pede desculpas pelo destempero do
ministro.
Recém-saído
do anonimato, Calero deve o cargo a uma sucessão de acasos. Após
extinguir o Ministério da Cultura, o novo governo recuou e tentou
entregar a pasta uma mulher. A imprensa registrou ao menos seis recusas,
inclusive de uma cantora de axé, até o diplomata ser nomeado.
O
início de sua gestão foi marcado por protestos e trapalhadas. Numa
delas, o ministro exonerou a diretora da Cinemateca Brasileira alegando
combater o "aparelhamento político". Voltou atrás dias depois, ao
perceber que demitira uma servidora respeitada e com 30 anos de casa.
Uma
semana antes de ser hostilizado em Petrópolis, Calero foi vaiado no
Festival de Gramado. É recomendável que ele se acalme logo. Vêm aí, no
mês que vem, o Festival do Rio e a Mostra Internacional de São Paulo.
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