Hoje pela manhã, no Palácio do Planalto, o clima é de grande
irritação e contrariedade com a carta do vice-presidente Michel Temer à
presidente Dilma, em que ele lista dez episódios nos quais não recebeu a
confiança da presidente. No texto, Temer chega a dizer que foi tratado
como um vice decorativo. A interpretação do governo é de que a carta foi
uma declaração de rompimento, fato que é negado pela assessoria de
Temer.
Um auxiliar direto da presidente classificou a carta como "ridícula".
O sentimento entre as pessoas mais próximas a Dilma é de decepção com o
vice-presidente. Dilma recebeu a carta no final da tarde, quando estava
em reunião com alguns ministros. Depois de ler o conteúdo, ela já
trabalhava uma resposta "quase carinhosa". Depois que a carta foi
divulgada, a resposta que estava sendo escrita por Dilma foi abortada.
"Uma conversa entre os dois deve existir, mas agora ficou mais difícil a
relação", informou esse auxiliar de Dilma.
Um ministro petista chegou a utilizar palavras fortes ao se referir
ao gesto de Michel Temer. "Isso não é coisa de gente grande. Eu tenho
vergonha de um homem de 75 anos fazer um gesto desses. Ele não tem voto
dentro do partido e fica tentando se equilibrar para manter o
poder." Houve incômodo com o fato de Temer ter citado na carta o
episódio em que diz ter sido excluidio de uma conversa entre Dilma e o
vice-presidente norte-americano Joe Biden. "Veja se o Biden faria uma
coisa dessas", ironizou outro auxiliar de Dilma.
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