Do Valor
O
afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da
Câmara continua no “radar” da Procuradoria Geral da República (PGR), que
reúne elementos sobre a suposta atuação do parlamentar para atrapalhar o
funcionamento do Legislativo, em especial do Conselho de Ética da
Câmara. A instauração do processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff – a cartada política mais agressiva de Cunha até agora – “não
muda nada” na análise de um pedido de saída do deputado, segundo fontes
com acesso às investigações.
Além
de continuar reunindo elementos que podem levar a um pedido junto ao
Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR prepara denunciar o deputado pelo
crime de evasão de divisas no caso das contas bancárias mantidas na
Suíça por meio de trusts e empresas offshore. O grupo de trabalho que
auxilia o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também investiga
as supostas práticas de corrupção e lavagem de dinheiro no episódio,
acusações que ficariam para um segundo momento.
Cunha
já foi denunciado em 20 de agosto por corrupção e lavagem. Ele é
formalmente acusado de receber US$ 5 milhões em propina a partir de
contratos da Petrobras para operação de navios-sonda. O cálculo feito na
PGR é que o STF só deve aceitar essa denúncia depois do Carnaval – a
terça-feira de Carnaval é dia 9 de fevereiro.
O
último dia de trabalho do STF antes do recesso é o próximo dia 18. Se
os ministros do Supremo aceitarem a denúncia, Cunha vira réu, o que
dificultará sua permanência no cargo de presidente da Câmara. Até lá,
Janot poderá pedir o afastamento de Cunha. Procuradores da República que
atuam nas investigações de autoridades com foro privilegiado enxergaram
no gesto do deputado de aceitar o pedido de impeachment de Dilma uma
tentativa de neutralizar o procurador-geral, de forma a carimbar um
eventual pedido de saída como um ato pró-governo.
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