Desculpem-me, mas por mais que busque uma resposta clara, ainda não
conseguimos traçar claramente um desenho desse monstro da floresta que
não nos mostra o rosto, mas deixa um rastro terrível de destruição.
O que sabemos é que eles buscam poder político e econômico. Religião é
apenas um pano de fundo, uma desculpa para agregar pessoas, para
justificar seus ataques, etc e tal.
Porém, fica claro que o Isis não tem uma luta para destruir o
perverso Tio Sam, ou a cultura ocidental que não respeita as leis de
Alah. Nada disso. O Estado Islâmico nasceu em territórios
desestabilizados e com o governo em guerra. Síria, que vive uma guerra
civil há anos, com o sanguinolento Bashar al-Assad que dividiu o seu
país entre governo e rebeldes e o Iraque pós Saddam Hussein.
Eles aproveitaram essa "terra de Marlboro" e criaram raízes. Tentaram
Líbano e Jordânia, mas estes países ainda têm força suficiente para
repelirem um invasor.
Mas a razão de estarem ali é por seu interesse econômico, o que está em jogo é o controle da produção e venda de petróleo.
As práticas terroristas não se encaixam dentro dos princípios do
alcorão, nem mesmo dentro da lógica de grupos mais radicais como a
Al-Qaeda, o Hamas ou o Talibã. Ambos famosos por seus homens bombas que
destruíram carros, ônibus, e até o épico World Trade Center em setembro
de 2001.
Ali existia uma questão ideológica muito mais forte. Esses davam a
vida por uma suposta consagração desde que conseguissem atingir o demo
do EUA ou qualquer aliado.
Com o Isis é diferente, não se busca atacar e morrer. A lógica é de
ocupação territorial, daí a melhor maneira é eliminar marcialmente todos
aqueles que incomodam. Os primeiros da lista eram a imprensa. Morte a
todo e qualquer jornalista que estivesse em território do Isis. E no
pacotão também foram mortos britânicos e americanos que estivessem por
ali.
E isso faz parte da propaganda de medo deste grupo: mostrar
execuções, terror e medo. E o fazem muito bem, inclusive têm boas
câmeras e uma edição profissional nesse show de decapitação que mostram
para o mundo todo.
Depois queimaram um piloto jordaniano, pois a Jordânia trava
confrontos com o Isis, e agora o ataque direto ao Egito - mataram
cristãos como uma maneira de agredir o governo egípcio, e escolheram a
dedo as vítimas, pois não poderiam matar um grupo tão grande de
muçulmanos.
E esse é um recado para dizer: "Não se encostem em mim, pois a Líbia agora é nossa."
Sim, o último grande passo foi a anexação de cidades na Líbia.
Mais uma vez um país destruído, desde que o governo de Muammar Kaddafi caiu e a Líbia virou terra sem dono.
Além de estar enfraquecida enquanto país, a Líbia é um ponto
estratégico geograficamente, fica bem localizado no norte da África,
permitindo uma expansão para países vizinhos, como Tunísia e Argélia, e
também é banhado pelo Mediterrâneo e está na boca da Europa,
principalmente Itália.
Outra coisa que intriga no Isis é que não existe um líder. Quem é o Che Guevara ou o Bin Laden dessa guerra?
Não existe. Assim fica mais difícil se combater o inimigo.
Não adianta matar um chefe, o grupo continua forte.
É claro que existe uma liderança, mas esses cabeças, propositalmente, não querem aparecer.
Outra coisa importante nesse cenário é saber qual é a relação do Isis
com o Irã. O governo de Teerã é fundamental no Oriente Médio por ser a
maior potência bélica.
Até agora, eles estão quietos e não vêm se manifestando de maneira
contundente, isso levanta duas hipóteses: ou terem alguma ligação escusa
com o Isis e ganham com isso, ou preferem se manter fora de um
confronto direto, mas sabendo que o Isis não incomodaria a sua casa.
Pois, se o Irã quiser enfrentar o inimigo de perto, levaria o Isis à
extinção ou enfraquecimento total.
· Mas quem deve ter medo do Isis?
Primeiro os países com governos fracos e que podem ser facilmente
tomados por um grupo paramilitar, além de Síria e Iraque, Afeganistão,
Casaquistão pelo lado asiático; pelo lado africano: Marrocos, Argélia,
Tunísia, Sudão e até mesmo o Egito são alvos.
A Turquia está tremendo, pois está acima do Iraque e sabe é outro
ponto a ser invadido. Mas acho difícil que consigam ganhar terreno por
lá. Erdogan não daria espaço.
Mas nessa zona quem está mais ameaçado, com certeza, é Israel. O país
está no meio do caminho do plano de expansão do Isis, e é o inimigo
clássico contra o fundamentalismo Islâmico. Sem contar que atingir
Israel é atingir os EUA.
Os europeus têm de temer e reforçar a defesa, sem dúvida. Mas
dificilmente sofreriam uma invasão. Exceto o Chipre, que é uma ilha que
fica espremida entre Síria, Líbano e Turquia.
As grandes potências têm de se preocupar com ataques internos, como
foi o caso no Charlie Abdo em Paris. Temos de lembrar que existem
grandes comunidades insatisfeitas de muçulmanos no Reino Unido, França,
Espanha, Itália, Alemanha e Áustria.
E podem surgir pessoas recrutadas pelo Isis nesses países e
causar[AW6] ataques para causar terror simplesmente. É uma forma de
mandar o mundo ocidental ficar quieto.
Não quero alimentar xenofobia e causar estereótipos, acho esses
discursos de ultra-direta[AW7] , que crescem em países como Alemanha e
Dinamarca, sem sentido e contradizem até a base da economia desses
países.
Nessa linha, os Estados Unidos também devem ficar de olho, ataques
como a da Maratona de Boston podem ocorrer em diversas cidades ou
aeroportos por lá.
· Mas qual seria a medida?
Mesmo sendo pacifista e condenando as ações bélicas que foram feitas
no Oriente Médio nos últimos anos, acredito que os países ocidentais,
representados pela ONU, têm que fazer um exército de defesa e travar
combate direto com esse grupo terrorismo.
Uma coalizão com EUA, Inglaterra, Japão, Austrália, mais uns dois
europeus, e necessariamente um ou dois países do Oriente Médio.
É importante ter países muçulmanos nessa coalizão, não só para
demonstrar que o Isis não representa um pensamento único para todos os
filhos de Alah, mas também por serem mais capazes para lidarem com
situações locais, como língua, costumes, organização urbana, etc...
Vale ver o filme Sniper Americano, que mostra como os EUA bateram
cabeça para ficar correndo atrás de terroristas no meio de cidades
iraquianas.
Mas, jamais, ficar alimentando militarmente grupos rebeldes.
Isso sempre foi uma das maiores estupidez dos Estados Unidos.
Alimentam militarmente um grupo rebelde, arrebentam aquele país numa
guerra e depois simplesmente largam ao deus dará. Já fizeram isso no
Afeganistão e deu no que deu.
Inclusive o Isis é filho do poder bélico destrutivo dos EUA.
Destruíram o Iraque, eliminaram o inimigo que queriam, conquistaram
rotas de petróleo e largaram o país às traças.
Precisa nesse momento que as Nações Unidas possam fazer um plano de
reconstrução desses países e exercer poder local, com novas
representações por, pelo menos, vinte anos.
Enfim, por mais que não queira, vejo que nos aproximamos de uma
guerra entre o ocidente e esses extremistas misteriosos que vão do norte
da África até o os limites do Oriente Médio.
E essa guerra pode ser grande e, até mesmo, motivo para tomada de decisões centralizadoras baseadas no medo e na intolerância.
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