POR Fernando Brito no Tijolaço
Tenho evitado comentar os ataques que grupos de extrema-direita à caravana de Lula ao Sul do País, exatamente porque o objetivo destes grupos se tornou claro: inexpressivas nas grandes cidades, duas dúzias de provocadores se transformam em quantidade nas pequenas e médias cidades e, com ovos, pedras, tratores e caminhões, criam o que querem criar: uma impressão de que há uma “revolta” contra o ex-presidente.
Para isso, contam com a indisfarçada simpatia das polícias locais, porque ficou evidente que “lavam as mãos” diante de atitudes hostis que passam em muito do direito de protestar e levam à possibilidade real de que, disto, acabe resultando uma tragédia.
Nada disso, claro, funcionaria sem seu requisito essencial: ter mídia para amplificar os fatos, multiplicando o que é minúsculo. Hoje – mas apenas no final do texto, a Folha deixa claro que é uma ação com planejamento e comando, não uma reação espontânea:
Nas cidades por onde Lula passou, os manifestantes repetem padrões. Sempre um pequeno grupo é escalado para esperar passagem do ex-presidente, informando os que estão poucos metros adiante. Eles são orientados, por exemplo, a se dispersar no momento de aproximação de policiais para desbaratá-los e escondem pneus no mato para queimá-los impedindo a passagem do ex-presidente.
Nada disso é novo. Há um século esta sempre foi a estratégia do facismo: atacar, provocar o confronto e amedrontar a esquerda. Desde as milícias hitleristas das SA – os camisas pardas – aos blackblocs mascarados, a ação é sempre igual: provocar, agredir, criar um clima de guerra e medo.
É preciso muito cuidado para não reagir no mesmo diapasão a algo que se desmonta com um peteleco de argumentação: se Lula é tão rejeitado assim, porque tanto esforço para impedi-lo de disputar a eleição?
É a pergunta que pedras e ovos não podem responder, porque é com elas que algumas dezenas podem parecer maiores que milhares.
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