Helena Chagas – Blog Os Divergentes
Não
se pode dizer ainda que o prestígio do prefeito João Dória esteja em
queda livre, mas sua estrela política vem perdendo altura, sobretudo em
função dos próprios erros. O açodamento do prefeito,
as críticas sem qualquer sutileza atingindo os companheiros do PSDB e a
falta de noção sobre a hora de falar e hora de calar fizeram o pêndulo
da candidatura presidencial tucana em 2018 pender claramente para
Geraldo Alckmin.
O
governador de São Paulo só não será o candidato do PSDB se houver forte
acidente de percurso, como, por exemplo, um fato novo que o vincule
irremediavelmente à Lava Jato – o que, reconheça-se, ainda não ocorreu.
Alckmin joga no seu estilo, devagar e sempre, comendo o mingau pelas
beiradas, sem abrir confrontos diretos ou dar passos arriscados. Como
padrinho de Doria, conhece melhor o afilhado do que qualquer um – e sabe
que o apressado (e desastrado) come cru. Não está mais tão preocupado
com a investida presidencial do prefeito, dizem interlocutores, já que
nem nas pesquisas a vantagem de João Doria sobre ele é significativa.
Mas
o principal problema do prefeito é a falta de medidas que o leva a ser
alvo dentro do próprio ninho. Comprou briga com até com o patriarca
Fernando Henrique Cardoso, e foi só nos últimos dias foi chamado de
papagaio por Alberto Goldmann e de prefeito desfocado por José Aníbal.
Peitou Aécio Neves ao defender publicamente sua saída do comando do
partido – que é uma obviedade, mas para ser acertada entre quatro
paredes, e não em reuniões para jogar para a plateia.
No resumo da ópera, vai ficar difícil para Dória desbancar Alckmin dentro do PSDB e disputar com Jair Bolsonaro o
eleitorado centro-direita do país. Além da necessidade de se dedicar
mais a questões concretas da prefeitura, ele mostra que ainda vai ter
que tomar muito Nescau para desbancar os políticos profissionais em seu
próprio partido.
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