Para a vice-presidenta da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB) e presidenta da Federação das
Trabalhadoras Domésticas da Região Amazônica, Lucileide Mafra Reis, a
reforma trabalhista, sancionada por Michel Temer na última quinta-feira
(13), vai piorar a vida dos trabalhadores no geral mas, quem vai sentir
na pele de forma mais intensa essas mudanças, são as domésticas.
“Essa reforma é uma perda para o país e para toda a classe
trabalhadora, mas as trabalhadoras domésticas são as que mais perderão
porque estamos retrocedendo décadas”, afirmou, referindo-se a luta de
anos que resultou na criação da Lei das Domésticas, instituída em
outubro de 2015, ao longo do governo Dilma Rousseff.
“Agora que estávamos melhor preparadas para lutar pela
aplicabilidade da Lei das Domésticas, vem essa rasteira a nível
nacional”, disse.
Cerca de 12 milhões de mulheres trabalham hoje como
domésticas no país, mas esse número certamente é maior dada a
informalidade histórica do trabalho e a dificuldade de documentação.
Para Lucileide, todas essas mulheres serão imediatamente afetadas com as
mudanças, que abrem a demissão para “negociação” com o patrão.
“Os sindicatos estão perdendo a sua autonomia nas
negociações. Como uma trabalhadora doméstica vai negociar como patrão
nessas condições? Quem saía de casa às 5h da manhã, terá que sair às 3h
se os patrões assim desejarem. Muito complicado para uma categoria que
não tem relógio de ponto e ainda por cima tem uma proximidade muito
grande com os patrões”, analisou.
A sindicalista também alertou para o fato de que uma
precarização do trabalho das domésticas abre caminho, ao mesmo tempo,
para um aumento do trabalho infantil.
“Com a lei conseguimos diminuir o número de meninas
exploradas no serviço doméstico, mas desde o golpe na democracia, isso
vem retornando, principalmente no Norte e Nordeste, onde a fiscalização é
menor”.
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