Quem acompanha de perto, percebe mudanças de uma semana para outra na postura de Rodrigo Maia. Quanto mais vira uma possibilidade real de poder, por mais que se esforce em não dar bandeira, ele se mostra e é visto de forma diferente. Ganha dimensão.
Foi também assim com Michel Temer quando ele se viabilizou para suceder Dilma Rousseff. Lá e cá a derrota foi e é definida como golpe. Bobagem. Esse é o jogo que quando ganham todos eles gostam de jogar.
Mesmo quando a opção de quem está na fila é posar de estátua, caso de Itamar Franco, a perspectiva de troca de guarda causa frisson entre os políticos, aficionados e especialistas nesse tipo de jogo. E produz os mesmos resultados.
Faz parte do ofício.
Quem se candidata a ser eleito para qualquer mandato público faz uma aposta — real, adaptada ou pura ficção – no papel com que vai tentar seduzir o eleitor. Quem exerce mandato já passou por essa preliminar.
Na divertida selva urbana que é a Câmara dos Deputados, os mais variados exemplos de sucesso nessa peneira popular se exibem no dia a dia. Disputam entre si momentos de atenção.
Quem olha de fora, acha que chegar ali é o suficiente. Nem imagina quanto é difícil para alguém, que só está lá pelo passaporte popular, se destacar naquela multidão em que, com muitos ou poucos votos, todos são iguais.
Sair dessa manada, em que juntos e misturados poucos chamam a atenção, para se tornar uma estrela nacional é um grande desafio.
Rodrigo Maia já superou essa barreira. Quem o segue na fila se prepara para um salto ainda maior.
Por qualquer critério, Rodrigo Maia faz parte da elite.
Se ele assumir a cadeira de Michel Temer, seu sucessor na Presidência da Câmara será o deputado Fábio Ramalho.
Até se eleger vice-presidente da Câmara como zebra das zebras, Fábio era o Fabinho Liderança, um camarada boa praça, que se notabilizou por juntar gente diferente em megas almoços e jantares. Na casa dele, no Cafezinho da Câmara, onde fosse, quem chegasse seria bem recebido para saborear deliciosas comidas mineiras.
Bons anfitriões costumam ter sucesso na política brasileira. Mas isso fica para outro dia.
Até meses atrás, o boa praça Fabinho era apenas um franco atirador na política. Arriscou e venceu a parada pela vice-presidência. Pouco mudou. Continuou a ser o mesmo personagem.
Andava pela Câmara com ternos amorfanhados, gravatas tortas, cabelos desgrenhados, barbas mal feitas.
No mesmo passe de mágica que tornou Rodrigo Maia presidenciável, Fabinho virou o elegante deputado Fábio Ramalho.
Terno e gravata impecáveis, corte de cabelo e óculos sob medidas, discurso de alto clero na ponta da língua.
Como Rodrigo Maia, Fábio Ramalho se diz o mais fiel aliado de Michel Temer. Pelo bem do país, nenhum dos dois diz querer a queda de Temer.
É assim que se sempre se processa a transição à brasileira.
Acompanhe os próximos capítulos.
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