Faço hoje uma defesa pública de Curitiba, tão injuriada nesses tempos
sombrios de caças às bruxas pela Lava Jato. A capital paranaense é
muito mais e melhor do que esse espetáculo horrendo oferecido pelo juiz Sérgio Moro e sua máquina de propaganda mentirosa.
Temo que Curitiba passe para a História como a nova Nuremberg, ou
seja, como sede de um tribunal de exceção que hoje os moradores dessa
cidade sequer dão conta de sua existência como ele realmente é. (Aliás,
alguns extremistas até aplaudem o rito sumário, sem mesmo existir provas
contra os acusados, em virtude da hipnose coletiva perpetrada pela
velha mídia golpista).
O Art. 5º Inciso XXXVII da Constituição Federal tem a dicção clara ao
proibir tribunais de exceção como a Lava Jato: “não haverá juízo ou
tribunal de exceção”. Portanto, há uma violação objetiva à Carta Maior
sob o pretexto de combater a corrupção no país.
Na última quinta, 22 de setembro, o Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, o TRF-4, liberou vergonhosamente Moro para estuprar quantas
vezes quiser a Constituição Federal.
Somente um desembargador, Rogério Favreto, teve coragem para divergir em voto contra a maioria na Corte que disse “amém” ao juiz da Lava Jato.
Favreto colocou em dúvida a “imparcialidade” do juiz da 13ª Vara
Federal de Curitiba e pôs o dedo na ferida: “Sua não observância em
domínio tão delicado como o Direito Penal, evocando a teoria do estado
de exceção, pode ser temerária se feita por magistrado sem os mesmos
compromissos democráticos do eminente relator e dos demais membros desta
corte”.
Curitiba não quer o título de “Nova Guantánamo” – em referência à
base militar norte-americana em Cuba, onde prisioneiros são mantidos há
anos mesmo sem julgamento; rejeita a pecha de “Masmorra de Moro”, QG do
coronel Ustra das Araucárias, “República de Curitiba”; enfim, somos
todos a República Federativa do Brasil.
Curitiba é muito mais e melhor que a Lava Jato. Seria uma injustiça
essa cidade linda passar para a História como aquela que abrigou um
tribunal de exceção, fascista, antidemocrático, onde há presos políticos
em pleno século XXI.
Prefiro a Curitiba da “Boca Maldita” — espaço democrático que acolheu
o primeiro comício pelas Diretas Já em 1984. Curitiba é a Praça Santos
Andrade, onde fica a UFPR, espaço de encontro de todas as manifestações
políticas e culturais. Curitiba é muito mais que Lava Jato, felizmente.
Seria de bom grado que o próximo prefeito de Curitiba pleiteie o fim
ou a transferência desse tribunal de exceção para outra parte do país
que queira ser cúmplice deste evidente ataque às liberdades
democráticas.(Blog do Esmael)
Nenhum comentário:
Postar um comentário