José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, em depoimento à CPI da Petrobras
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A tocha olímpica mal se apagou e a Lava Jato voltou a incendiar o noticiário. A Procuradoria-Geral da República interrompeu as negociações com Léo Pinheiro, o ex-presidente da OAS. Ele acenava com uma delação capaz de implodir boa parte do sistema político.
O
empreiteiro sugere ter dinamite para abalar todas as facções em guerra
pelo poder. Até ser preso, ele era próximo de altos personagens do
governo afastado e do interino. Também circulava na cúpula do
Judiciário, uma zona de sombra que começa a ser iluminada pela
investigação.
Pinheiro
já deu pistas sobre Lula, Michel Temer e Aécio Neves, para citar apenas
três políticos graúdos que orbitam sua delação. Ele participou das
obras no sítio de Atibaia, negociou um repasse de R$ 5 milhões com o
presidente interino e relatou o suposto pagamento de propinas na maior
obra do tucano em Minas.
Os
três citados negaram qualquer irregularidade, e o ônus das provas cabe
ao empreiteiro, que ainda precisaria apresentá-las. O que importa aqui é
mostrar como sua rede de contatos era ecumênica -e por isso, tornou-se
especialmente explosiva.
Agora
surgiu um fato novo: a revista "Veja" noticiou que Pinheiro citou o
ministro Dias Toffoli, do STF, em conversas para fechar a delação. A
menção parece frágil à primeira vista, mas elevou ao máximo a tensão
entre a corte e os investigadores.
Sob
forte pressão, a Procuradoria anunciou nesta segunda (22) que a
negociação com o empreiteiro foi interrompida. Fontes da operação alegam
que o motivo foi a quebra de confidencialidade. Ao evitar uma
explicação pública, a Lava Jato jogou água no moinho de especulações.
Há
diversas teorias na praça, mas nenhuma delas pode driblar um fato
concreto. É a primeira vez que o vazamento de informações é usado como
motivo para melar um acordo de delação. As acusações de Delcídio do
Amaral, Sérgio Machado e Ricardo Pessoa jorraram à vontade antes de os
três se livrarem da cadeia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário