247 - Não é de hoje que os críticos mais rasos do
ex-presidente Lula recorrem ao fato de ele ter um dedo a menos na mão
esquerda (em decorrência de um acidente quando era torneiro mecânico)
para tentar diminuir sua capacidade. A atitude, de caráter nitidamente
preconceituoso, estaria sendo replicada pelo juiz Sérgio Moro (segundo o
jornalista Ricardo Noblat), responsável pela operação Lava Jato, que
investiga a corrupção em contratos de empreiteiras com a Petrobras. De
acordo com Noblat, em seu Twitter, Moro se refere ao petista como "Nine"
- nove em inglês -, quando está entre amigos. "Tem esperança de
pegá-lo", afirma o colunista de O Globo, em referência à fase mais
recente da operação, que prendeu Marcelo Odebrecht, empreiteiro próximo
de Lula.
Caso a afirmação de Noblat não seja rapidamente desmentida por Moro,
ficará escancarada a intenção política do magistrado que comanda os
rumos da Lava Jato. Neste fim de semana, todos os veículos da imprensa
familiar - Folha, Veja e afins - dão como certo que o próximo passo da
operação é tentar criar uma vinculação com Lula, para assim prendê-lo, o
que traria consequências político-eleitorais muito negativas para ele e
para o seu partido, o PT. Mas como esperar correção, imparcialidade e
respeito nas investigações e decisões de um juiz que se refere a um
ex-presidente da República não pelo nome, mas por uma vocativo fascista?
Ao chamar Lula de "Nine", Moro se aproxima de políticos da
extrema-direita brasileira, como Ronaldo Caiado, do DEM, que, nos
protestos do início deste ano, vestiu uma camisa que trazia uma mão com
quatro dedos sujas de petróleo acompanhadas da expressão "Basta". A
atitude reprovável de Caiado, que foi duramente criticado por tal
indecência, não pode ser repetida por um magistrado responsável pelo
julgamento de um processo que envolve políticos e empresários.
A forma pejorativa como faria referência ao ex-presidente guarda
ainda outros significados. Além de demonstrar a posição adversa ao
político e ao partido que ele lidera, tal atitude reforça a informação
de Moro ignorou realmente trecho da delação do doleiro Alberto Youssef,
que acusou o senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB e
candidato derrotado a presidente no ano passado) como dono de uma
diretoria em Furnas que pagava mensalão de US$ 100 mil/mês a
parlamentares no governo tucano de FHC.
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