As revelações da Operação Lava Jato deverão selar o fim das doações eleitorais de pessoas jurídicas.
A delação premiada de dois
executivos da Toyo Setal aumentará a pressão para que o ministro do
Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes devolva para julgamento o
processo que proíbe contribuições eleitorais de empresas. A maioria do
Supremo já votou a favor da proibição, mas o pedido de vista de Mendes,
que já dura inacreditáveis oito meses, impede a conclusão do
julgamento.
Tornaram-se públicos os depoimentos
de delações premiadas dos dois executivos da construtora. Augusto
Mendonça disse que o PT recebeu propina de contratos na Petrobras por
meio de doações eleitorais. Júlio Camargo, outro executivo da empresa,
negou que tenha havido propina por meio de doações eleitorais, mas
confirmou pagamentos em dinheiro no Brasil e em depósitos no exterior.
Outro efeito dessas delações é dar à
oposição mais discurso para desgastar a presidente Dilma Rousseff. Os
depoimentos dos dois executivos atingem diversos partidos, inclusive da
oposição, mas afetam mais o PT.
O senador Aécio Neves, candidato do
PSDB derrotado na disputa presidencial de outubro, disse que, se ficarem
provadas as acusações feitas por Augusto Mendonça, estaremos diante de
um governo ilegítimo.
Aécio e parcela do PSDB flertam com a
possibilidade de um eventual impeachment da presidente. É um caminho
perigoso. Criminalizar as doações eleitorais oficiais apenas no caso do
PT é algo de difícil execução.
Júlio Camargo, o outro executivo da
Toyo Setal, negou que tivesse dado propina por meio de doação de
campanha. Disse que doou por conveniência política.
Todos os grandes partidos e todos os
principais políticos do país receberam doações oficiais desse grupo de
empreiteiras. Como criminalizar as contribuições ao PT no governo
federal e dizer que doações para o PSDB e outros partidos foram
legítimas em administrações estaduais?
Também é preciso mais elementos e
provas para falar em governo ilegítimo e pregar o impeachment de uma
presidente que acabou de ser democraticamente eleita. Parece haver um
viés golpista nessa pregação. Podem ser feitas muitas críticas à
presidente Dilma, mas é injusta a de que ela seria desonesta e conivente
com a corrupção.
Um dos complicadores de um acordo
entre PT e PMDB para o apoio à candidatura de Eduardo Cunha à
presidência da Câmara é justamente a possibilidade de prosperar o
caminho político do impeachment. O presidente da Câmara tem papel
fundamental para viabilizar esse processo. Dilma tem sido aconselhada a
não confiar em Cunha porque ele poderia, lá na frente, ser “o homem do
impeachment”.
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