terça-feira, 1 de abril de 2014

CPI mira só a superfície. Disputa real é pelo pré-sal

247 - Numa palestra em que a declaração que mais repercutiu foi política ("tanto faz enfrentar Dilma ou Lula"), o presidenciável tucano Aécio Neves (PSDB-MG) antecipou também um ponto importante de sua plataforma econômica. No encontro promovido pelo Lide, ele afirmou que pretende rever o modelo de partilha no setor de petróleo e retomar o projeto de concessões. "Acredito que as concessões são a melhor forma de atrair investimentos", disse ele. "O problema é que o Brasil não está mais sozinho. Nos últimos anos, dos US$ 300 bilhões que foram investidos, nada veio para cá, até porque houve novas descobertas no Golfo do México e na costa africana".
O modelo de partilha, implantado depois da descoberta do pré-sal, é um tema caro à presidente Dilma Rousseff. O ápice desse modelo ocorreu na venda de Libra, campo que foi arrematado pela Petrobras, em parceria com a Shell e com duas empresas chinesas. Na ocasião, Dilma convocou cadeia nacional de rádio e televisão para enaltecer o resultado do leilão. Os defensores da partilha argumentam que não faz sentido apenas leiloar essas bacias, uma vez que já existe a comprovação da existência do petróleo.
Os críticos desse modelo alegam, no entanto, que o modelo gera ônus excessivos para a Petrobras e que seria necessário abrir o setor a outros investidores para que o Brasil amplie mais rapidamente sua produção de petróleo, reduzindo importações.
Essa disputa entre partilha versus concessões foi também abordada pelo site Tijolaço no post abaixo:
Aécio diz em público o que Serra cochichava: quer o fim do modelo Lula no petróleo
Uma pessoa presente à palestra de Aécio Neves hoje, numa associação de empresários, relata que, ao prometer “reestatizar” a Petrobras, Aécio Neves admitiu rever o modelo de partilha do petróleo da camada pré-sal, instituído por Lula e que garante não apenas que o Estado brasileiro fica com parte da produção como assegura que a Petrobras seja a operadora única, com pelo menos 30% de qualquer consórcio privado que receba o direito de explorar o óleo.
Não é, a rigor, novidade.
O tucano já havia defendido a volta ao modelo de concessão de Fernando Henrique Cardoso em outubro do ano passado.
É o mesmo que José Serra havia prometido a Patrícia Pradal, executiva da Chevron, numa reunião privada, que vazou com os telegramas do Wikileaks.
Não seria de esperar outra coisa de um candidato que, pela primeira vez desde 2002, resolveu se assumir como “fernandista”.
À medida em que os dias forem se passando, a mistificação em torno da CPI da Petrobras vai deixar claro o pano de fundo de toda essa história.
Enquanto isso, a campanha de desgaste da Petrobras, além de prejudicar a empresa e o país, vai servindo para todo tipo de esperteza no mercado de capitais contra os pequenos investidores.
Aliás, Aécio estava atacado e disse que “tanto faria” enfrentar Dilma ou Lula nas eleições.
São provocações pueris de Aécio, contra-atacando a ânsia dos últimos dias de Eduardo Campos, que tentou se mostrar mais anti-Lula do que ele.

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