Por Fernando Castilho
Sérgio
Guerra tinha fama de rico, mas não se apresentava como milionário. Todo
mundo sabia que ele não era pobre, mas fora a paixão por cavalos de raça
que criou em Gravatá, não se via Guerra com demonstrações de
ostentação.
Mas
ninguém duvidava de suas capacidade de articulação. Desde que virou
deputado federal, Sérgio Guerra montou uma poderosa rede de contatos na
política e na economia que o fazia um articulador estratégico mesmo fora
do Governo.
Fosse no Congresso, fosse no setor empresarial com real capacidade de poder. Inclusive internacionalmente.
A
diferença de Guerra para os demais políticos em Brasília é que ele
conheça as pessoas dos seus negócios aos seus hábitos e hobbies.
Quando
Benjamin Steinbruch comprou a CFN veio Pernambuco para conversar com
Sérgio Guerra sobre a Transnordestina. O prestígio de Guerra podia
arranjar um avião para deslocar um correligionário com um simples
telefonema.
E sabia
de tudo que estava acontecendo nas poderosa Comissão de Orçamento da
Câmara que define o que acontece nas contas do Governo.
O último
relacionamento que se soube que ele tinha construído era com um tal de
Dana White, do UFC, que o levava para a primeira fila das edições das
lutas nos Estados Unidos.
Tudo
isso se explicava pela enorme capacidade de ouvir e conversar com
extrema objetividade. Rigorosamente todos os governadores de Pernambuco,
a partir de Marco Maciel se serviram dos serviços de Guerra para
desatar nós em Brasília no governo. Mesmo estando PSDB.
Guerra
circulava na Avenida Paulista como circulava na Atlântica, no Rio ou na
Avenida Boa Viagem, no Recife. Pode-se dizer tudo de Guerra, menos que
ele não conhecia as entranhas do poder.
E que
não sabia se mover por dentro dele como nenhum outro político
nordestino. Importava se estava no governo ou, eventualmente, na
oposição.
Poderia
ter sido ministro do Desenvolvimento Econômico se não tivesse descuidado
da gestão do gabinete colocando nele parentes que inviabilizaram sua
ida no segundo governo FHC. Mas nem por isso deixou de ter prestígio no
partido do qual foi presidente nacional e no governo.
Quando
FHC descartou qualquer ideia de virar presidente do PSDB depois que
Tasso Jereissati saiu, foi Guerra que ele foi buscar para unificar o
partido.
E mesmo
Eduardo Campos estava, até recentemente, servindo-se do prestígio de
Guerra em São Paulo para conversar em privado com empresários com rela
poder. Quer saber da capacidade de articulação de Sérgio Guerra em São
Paulo, Rio ou Brasília? pergunte ao Lula que o conhecida desde os tempos
em que era metalúrgico.
Guerra
articulava tanto que livrou Eduardo Campos de um imbróglio aqui em
Pernambuco tirando Daniel Coelho da possibilidade de disputar o governo,
certamente o fato novo da campanha de 2014 e que poderia complicar a
vida de Paulo Câmara.
Ele já
sabia que não disputaria da eleição devido a gravidade da doença, mas
articulou o “serviço” de tirar o PSDB da disputa para desespero dos
próprios correligionários talvez porque estivesse mirando em alguma
coisa no futuro.
Doutor
Ulysses Guimarães dizia que Carlos Wilson enxergava o amanhã. Sérgio
Guerra via os efeitos “desse amanhã” e atuava nesse cenário virtual.
Para o bem ou para o mal de quem estivesse.
Sua
morte é ruim para Eduardo Campos, mas é mais para Aécio Neves. Os dois
perderam um interlocutor que muitos questionavam sua atuação, mas que
nenhum deles duvidava da capacidade de mover dentro ou fora do poder.
Postado no blog de Jamildo
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