quinta-feira, 6 de março de 2014

Artigo de opinião:Guerra era poderoso, mas não ostentava


Por Fernando Castilho
Sérgio Guerra tinha fama de rico, mas não se apresentava como milionário. Todo mundo sabia que ele não era pobre, mas fora a paixão por cavalos de raça que criou em Gravatá, não se via Guerra com demonstrações de ostentação.
Mas ninguém duvidava de suas capacidade de articulação. Desde que virou deputado federal, Sérgio Guerra montou uma poderosa rede de contatos na política e na economia que o fazia um articulador estratégico mesmo fora do Governo.
Fosse no Congresso, fosse no setor empresarial com real capacidade de poder. Inclusive internacionalmente.
A diferença de Guerra para os demais políticos em Brasília é que ele conheça as pessoas dos seus negócios aos seus hábitos e hobbies.
Quando Benjamin Steinbruch comprou a CFN veio Pernambuco para conversar com Sérgio Guerra sobre a Transnordestina. O prestígio de Guerra podia arranjar um avião para deslocar um correligionário com um simples telefonema.
E sabia de tudo que estava acontecendo nas poderosa Comissão de Orçamento da Câmara que define o que acontece nas contas do Governo.
O último relacionamento que se soube que ele tinha construído era com um tal de Dana White, do UFC, que o levava para a primeira fila das edições das lutas nos Estados Unidos.
Tudo isso se explicava pela enorme capacidade de ouvir e conversar com extrema objetividade. Rigorosamente todos os governadores de Pernambuco, a partir de Marco Maciel se serviram dos serviços de Guerra para desatar nós em Brasília no governo. Mesmo estando PSDB.
Guerra circulava na Avenida Paulista como circulava na Atlântica, no Rio ou na Avenida Boa Viagem, no Recife. Pode-se dizer tudo de Guerra, menos que ele não conhecia as entranhas do poder.
E que não sabia se mover por dentro dele como nenhum outro político nordestino. Importava se estava no governo ou, eventualmente, na oposição.
Poderia ter sido ministro do Desenvolvimento Econômico se não tivesse descuidado da gestão do gabinete colocando nele parentes que inviabilizaram sua ida no segundo governo FHC. Mas nem por isso deixou de ter prestígio no partido do qual foi presidente nacional e no governo.
Quando FHC descartou qualquer ideia de virar presidente do PSDB depois que Tasso Jereissati saiu, foi Guerra que ele foi buscar para unificar o partido.
E mesmo Eduardo Campos estava, até recentemente, servindo-se do prestígio de Guerra em São Paulo para conversar em privado com empresários com rela poder. Quer saber da capacidade de articulação de Sérgio Guerra em São Paulo, Rio ou Brasília? pergunte ao Lula que o conhecida desde os tempos em que era metalúrgico.
Guerra articulava tanto que livrou Eduardo Campos de um imbróglio aqui em Pernambuco tirando Daniel Coelho da possibilidade de disputar o governo, certamente o fato novo da campanha de 2014 e que poderia complicar a vida de Paulo Câmara.
Ele já sabia que não disputaria da eleição devido a gravidade da doença, mas articulou o “serviço” de tirar o PSDB da disputa para desespero dos próprios correligionários talvez porque estivesse mirando em alguma coisa no futuro.
Doutor Ulysses Guimarães dizia que Carlos Wilson enxergava o amanhã. Sérgio Guerra via os efeitos “desse amanhã” e atuava nesse cenário virtual. Para o bem ou para o mal de quem estivesse.
Sua morte é ruim para Eduardo Campos, mas é mais para Aécio Neves. Os dois perderam um interlocutor que muitos questionavam sua atuação, mas que nenhum deles duvidava da capacidade de mover dentro ou fora do poder.
Postado no blog de Jamildo

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