segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Que rei sou eu?

Por Michel Zaidan Filho
A mídia impressa de Pernambuco publicou, de acordo com a sua inclinação governista e chapa branca, um farto caderno fotográfico sobre os personagens que frequentaram o camarim imperial, no último sábado.
Pelas imagens coloridas e animadas, é possível ver num congraçamento de dá inveja à Igreja Internacional da Graça, abraçados o vereador Raul Jungmann, e ex-governador Jarbas Vasconcelos, Jarbinhas, o deputado Raul Henry, o governador Eduardo Campos, o secretário Paulo Câmara e o senador Fernando Bezerra Coelho.
Faltaram as figurinhas do DEM e do PSDB, e não foi por falta de espaço…
A foto é ilustrativa do caráter oligárquico, quase familiar, do evento.
Se o finado Gilberto Freyre ainda fosse vivo, diria se tratar de um alegre convescote, no bairro aristocrático de Apipucos, reunindo compadres e comadres em torno da “mesa farta” com pitus do rio Una e as cocadas da preta velha.
Como documento iconográfico do Carnaval de 2014, dedicado a dois membros famosos da família (Ariano Suassuna e Antonio Carlos Nóbrega), é também por incrível que pareça um documento político da mais alta importância para as gerações futuras.
A oligáquia política de Pernambuco não se cansa de reproduzir as mesmas cenas de carnavais passados: amigos, apaniguados, afilhados, adversários e amigos da hora, todos juntos tramando o futuro político do estado, ou quiçá, do país.
Parece o Baile da Ilha Fiscal, que deu fim a Velha República.
Riem, se abraçam, felizes e satisfeitos, como se o mundo se resumisse a essa festa “íntima” de compadres e afilhados. Talvez pensem mesmo isso. Eles decidem – entre si – quem vai ser o governador, o senador, o deputado e o presidente da República.
E no fim, todos se dão bem. Ninguém fica de fora do sarapatel ou da feijoada à pernambucana, como diria nossos antropólogos.
É o caso de se perguntar aonde fica o povo.
A plebe rude e ignara. A raia miúda ou os tabaréus. Ficam nas arquibancadas olhando o cortejo passar.
Batendo palmas e dizendo: “amém, amém, amém”.
Os que vão morrer te saudam, ó cesar.(publicado no blog de jamildo)

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