LELÊ TELES
A contrariá-lo, as "nobres páginas" conservadoras e racistas estão abertas a Barbosa, mentiram até que é ele o menino pobre que mudou o BrasilMimetizando o nosso bom Demóstenes, Joaquim Barbosa resolveu dar um rolezinho pela Europa.
Ele merece, é trabalhador e também é filho de mulher.
O diabo é que o juiz supremo gastou 14 mil lascas em diárias. Dinheiro meu, dinheiro seu, dinheiro nosso.
Com muito garbo, foi fotografado a fazer compras em lojas de grifes famosas, coisa de quem tem apê em Miami.
Barbosa gosta de Miami, talvez por isso odeie tento os amigos de Cuba.
De Londres, o elegante Barbosa manda um recado deselegante para os seus desafetos:
"Eu tenho algo a dizer: eu acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena. A imprensa tem de saber onde está o limite do interesse público. A pessoa quando é condenada criminalmente perde uma boa parte dos seus direitos. Os seus direitos ficam em hibernação, até que ela cumpra a pena".
Vamos por parte: a quê imprensa Barbosa se refere quando fala em abrir "nobres páginas"? Em maio do ano passado, na Costa Rica, Barbosa disse que a nossa imprensa não era nada nobre, era racista e de direita.
No entanto, a contrariá-lo, as "nobres páginas" conservadoras e racistas estão abertas a Barbosa, mentiram até que é ele o menino pobre que mudou o Brasil.
"As pessoas condenadas" estão a ser linchadas nas tais páginas nobres, Barbosa, e vossa excelência é que "está na mídia, destruindo a credibilidade do judiciário brasileiro", segundo Gilmar Mendes, seu colega.
De onde nosso vestal tirou que no Brasil "pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo"? E por que diabo ele disse que isso "faz parte da pena"?
Faz parte da pena que o preso trabalhe, receba visitas; não é um leproso que periga infectar a sociedade.
Barbosa está a inventar leis, além de ditar o que os escreventes de "nobres páginas" devem fazer? Quem ele pensa que é?
Joaquim afirma, sem hesitação, que "a imprensa tem de saber onde está o limite do interesse público". Com mil diabos, concordamos todos, mas a imprensa não se interessou pela compra maracutosa de seu apê nos Esteites. Interesse de que público, Barbosa?
É inacreditável que, como um réles rábula, o nosso supremo juiz diga que "a pessoa quando é condenada criminalmente perde uma boa parte dos seus direitos. Os seus direitos ficam em hibernação, até que ela cumpra a pena".
Sei não, mas esse papo de hibernação me lembra a Sibéria. E pelo que me consta, "boa parte dos direitos" que os presos têm, Barbosa está a negá-los a uns presos em especial, os quais ele persegue de forma abjeta, doentia e implacável.
Segundo a nossa constituição, o preso tem direito a trabalhar, direito que Joaquim nega a Dirceu. Condenado ao regime semi aberto, Barbosa o trancafiou na Papuda, violando direitos.
O nosso bom juiz esforça-se em uma vã tentativa de riscar do mapa homens como Dirceu e Genoino. Mas esses dois caras têm uma história de luta pela liberdade e pela democracia no Brasil.
Esses caras estão aí, na linha de frente, há quase 40 anos.
Eles sobreviverão à prisão, suas biografias resistirão às investidas ideológicas de Joaquim e das "nobres páginas".
Barbosa chegou agora, em sua biografia só existe um julgamento. Ele próprio, Barbosa, ainda será julgado pela história.
O que será dele quando deixar o Supremo e sua natimorta candidatura naufragar? Eu já disse certa vez o que acho, e vou repetir:
A mídia costuma descartar os que não são mais úteis para os seus propósitos.
Longe das rodas de samba, sem a perseguição dos paparazzi que sua assessoria de imprensa contata previamente para "persegui-lo", sem o glamour do cargo, só restará ao nosso nobre Joaquim refugiar-se em seu apartamento sem vista para o mar, em Miami.
Tomando um scotch pra aliviar as dores nas costas (por que não se trata?), e admirando o quadro na parede com a foto dele ainda menino, com aspecto sério e um pomposo título em letras garrafais, O MENINO POBRE QUE MUDOU O BRASIL.
Ele se dá conta que participou de uma farsa, folheia a revista e ele mesmo não acredita no que vai ali escrito.
Pobres páginas.
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