247 - O serralheiro Itamar Santos, de 55 anos,
foi a principal vítima da ação de fascistas travestidos de manifestantes
que barbarizaram no sábado (26) em São Paulo no protesto denominado
#naoveitercopa. O operário tinha no Fusca ano 1975, incendiado no centro
da cidade, o suporte para o seu ganha pão. Era com ele que entregava os
portões de aço que fabrica.
O pobre serralheiro voltava da igreja junto com mais quatro pessoas
no carro, dentre elas uma criança de quatro anos, quando o fato
aconteceu. “Teve muito pânico para sair do carro pegando fogo. A criança
estava chorando... Naquele local não tinha um policial”, relatou Itamar
à reportagem do R7.
As fotos acima dão a dimensão do terror vivido pela família, que
passava nas proximidades da Praça Roosevelt quando colchões em chamas
foram atirados contra o carro. O trabalhador contou que o Fusca foi
cercado por pessoas usando lenços pretos para cobrir os rostos. O grupo
estava colocando fogo em colchões para interceptar a via e teriam jogado
um deles no carro. “Eu acho que são um bando de irresponsáveis”,
desabafou.
O fusca era o único carro do serralheiro que utilizava o veículo para
entregar portões. Itamar ainda não calculou o prejuízo. Após o
incêndio, ele voltou para casa de ônibus.
A família comemora o fato de que ninguém tenha se ferido, mas já estuda para processar o Estado para recuperar o prejuízo.
Todo mundo livre
Indiferente ao vandalismo e aos atos de terror na capital paulista,
todos os 146 detidos foram liberados na madrugada deste domingo (26). A
maioria dos detidos (128) foi encaminhada para o 78º Distrito Policial
(DP), nos Jardins. Dezoito foram levados para o 2º DP, no centro.
A manifestação em São Paulo partiu da Avenida Paulista, com
concentração às 17h no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e
chegou ao centro da cidade no início da noite. Houve mobilização em
outras capitais.
Parte dos manifestantes foi presa dentro de um hotel na Rua Augusta,
quando tentava se refugiar das bombas de gás lacrimogêneo e balas de
borracha, conforme imagens de um vídeo amador divulgadas na internet.
O protesto teve a participação do movimento Black Bloc, cujos
integrantes usam táticas de ação direta para protestar em manifestações
de rua. Um carro da Guarda Municipal Metropolitana foi depredado e
agências bancárias da região central foram quebradas.
Nota assinada pelos grupos que compõem a organização do ato explica
as razões do protesto. “O levante de junho já mostrou claramente o que
os brasileiros já perceberam: os gastos bilionários na construção dos
estádios não melhoram a vida da população, apenas retiram investimentos
de direitos sociais. Mas junho foi só o começo!”, diz texto divulgado
pelos manifestantes.
O manifesto lembra que, embora os dirigentes políticos tenham dito,
na época, que não era possível atender à reivindicação pela redução da
tarifa dos ônibus, “o poder popular nas ruas mostrou que realidades
podem ser transformadas”. O coletivo destaca que a proposta do grupo é
impedir a realização dos jogos e “mostrar nacionalmente e
internacionalmente que o poder popular não quer a Copa”. (Com Agência Brasil)
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