quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Artigo de opinião: Aécio se julga donatário de capitania


Com candidatura ao Planalto lançada há quase um ano pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) continua reclamando das visitas da presidenta Dilma Rousseff ao seu Estado, Minas Gerais, que ele considera sua principal base eleitoral, alavanca para a disputa da eleição nacional do ano que vem.
A presidenta volta a Minas esta semana e agora Aécio faz chegar a mídia levantamento com o número de viagens da chefe do governo a seu Estado nos últimos três meses – a média de uma visita a cada 13 dias. Mas qual o problema? Ele não disse, até em nota oficial na semana passada, que ela abandonou o Estado? Não foi ele que levantou essa questão de a presidenta ter nascido em Belo Horizonte e ter vivido boa parte da vida com marido e filha no Rio Grande do Sul, antes de chegar ao governo federal?
Com esse procedimento, Aécio se trai. Ele pensa que Minas ainda é uma capitania hereditária. Da qual ele é donatário, julga. Na verdade, para provar que está tão bem assim em Minas, a ponto de implicar com concorrente na eleição de 2014 que vai ao Estado, ele ainda vai ter que disputar a eleição. Soberano, nas Gerais, é o povo mineiro, e não ele.
Calma, senador, ainda é necessário disputar a eleição…
No fundo isso é medo da concorrente em Minas, principalmente porque ele sabe que não está tão bem assim quanto propala. A real situação do senador em Minas está exposta na reportagem “Economia fraca arranha vitrine de Aécio em Minas”, publicada ontem pela Folha de S.Paulo – finalmente um jornalão radiografa a situação deixada por ele em Minas depois de oito anos como governador do Estado (2003-2010).
A reportagem mostra o endividamento do Estado – o maior do Brasil em termos proporcionais; o fato de ser um dos Estados que menos recebem investimentos; a falta de grandes obras de infraestrutura; a queda da qualidade da educação e saúde…
Tudo ao contrário da propaganda tucana. Tudo resultado dos métodos de governo de Aécio, do seu domínio por cooptação sobre a Assembleia Legislativa – ele governou por leis delegadas, na prática, por decreto – do seu controle total sobre a mídia, da censura aos opositores…
Herança de Aécio em Minas deslegitima seu discurso
Enfim, a herança do governador Aécio em Minas é toda uma situação que deslegitima seu discurso de aparelhamento do Estado pelo PT e de fisiologismo no Congresso Nacional. A situação e essa radiografia publicada ontem na Folha de S.Paulo são as provas mais eloquentes e incontestáveis de que a Minas de Aécio e a Minas pós-Aécio vivem de propaganda – aliás, Minas é a que mais gasta em publicidade dentre os 27 Estados do país.
É a prova, também, de que Aécio não suporta nem cinco minutos de debate sobre sua gestão e a de seu sucessor, o governador tucano que ele elegeu, Antônio Anastasia (PSDB). Apesar dele ser o queridinho da grande mídia nacional. E que tem toda razão o Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas (SINDIFISCO-MG) quando denuncia que ele quebrou o Estado em sua passagem pelo Palácio da Liberdade.
Denuncia, aliás, publicada em anúncios pagos nos jornais de outros Estados, já que Aécio, seus dois governos e o do sucessor censuram a mídia mineira e impedem que o sindicato publique essas denúncias nela. Até o processam por causa delas.

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