Carlos Moisés e Daniela Reinehr cumprimentando Jair Bolsonaro (Foto: Secom | Isac Nóbrega/PR)
247 - Está em curso, em Santa Catarina, o processo de impeachment do governador do Estado, Carlos Moisés (PSL). Jair Bolsonaro e seu clã estão operando nos bastidores para salvar a vice-governadora do processo e, com isso, assumir o controle do Estado. Daniela Reinehr (sem partido) é uma bolsonarista radical.
Bolsonaro autorizou Karina Kufa, sua advogada e tesoureira do Aliança Pelo Brasil, a trabalhar na defesa de Reinehr. Já seu filho e deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) atua há semanas em articulações no Estado em favor dela, informam os jornalistas Vandson Lima e Fabio Murakawa do Valor Econômico.
Kufa impetrou um mandado de segurança na sexta para desvincular a vice do caso que ensejou a abertura do processo de impeachment. O caso de Santa Catarina é mais um dos processos abertos desde o afastamento ilegal de Dilma Roussef no qual a luta política escorrega para pequenos e grandes golpes. Em Santa Catarina, a razão do processo de impeachment é uma equiparação salarial entre Procuradores do Estado e da Assembleia Legislativa (Alesc).
O processo está caminhando aceleradamente. Parlamentares, advogados e articuladores políticos atestam que a inexperiência de Moisés e Daniela levaram o desgaste a um ponto praticamente incontornável.
A ideia é afastar rápido e julgar devagar: o governador e a vice podem deixar os cargos já em 16 de setembro, por até 180 dias, e uma nova comissão, com cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça, analisará o processo. O presidente da Assembleia Legislativa catarinense, deputado Júlio Garcia (PSD), assumiria o governo temporariamente.
Mas a conclusão dos trabalhos, deve ocorrer apenas em 2021 para que, confirmada a cassação, seja realizada eleição indireta, com os 40 deputados estaduais como votantes. Garcia, político da velha guarda e hábil articulador, é desde já o franco favorito. Ele foi indiciado em 2019 pelos crimes de fraude em licitação, integrar organização criminosa, corrupção ativa e ocultação de bens na Operação Alcatraz. A reportagem não conseguiu contatar o parlamentar.
A trajetória de Carlos Moisés é das mais estranhas já registradas na política nacional. Ex-bombeiro aposentado, sem jamais ter feito política, decidiu no último dia do prazo legal registrar-se candidato a governador, apenas para que o PSL não ficasse sem nome na disputa. Mesmo sem ter qualquer proximidade com Bolsonaro, tornou-se um fenômeno, na onda conservadora que varreu o país em 2018.
Depois da posse, Moisés rompeu com o bolsonarismo e mostrou enorme inabilidade política.
Daniela Reinehr diz confiar que a aproximação com o clã presidencial possa salvá-la. “Sempre me mantive fiel ao Bolsonaro. Somos todos crias dele, é o mentor que fez a gente. Eduardo tem sido grande parceiro, muito gentil e cuidadoso para que esse impedimento não aconteça no meu caso”, disse ela aos jornalistas do Valor Econômico.
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