FERNANDO BRITO · no Tijolaço
Vale ouro o teor do depoimento que irá prestar, daqui a pouco, o ex-ministro Sergio Moro.
É sigiloso, como o inquérito, mas dificilmente deixará de “vazar”, ao menos em parte, para a imprensa.
Há interesse de muitos lados a favor disso e tradição de que, quando interessa, o segredo de Justiça é uma peneira furada.
Devem assisti-lo dois ou três delegados da Polícia Federal e mais um ou dois procuradores da República, além do pessoal técnico.
Moro pode – e tem o direito a isso, pois é o declarante – deixar escapar alguma das “provas” que diz ter contra Bolsonaro.
Os delegados podem, seja como vingança, seja como para “mostrar serviço” com vistas à formação da nova equipe da PF, fazer o mesmo. É sabido que, desde há muito tempo, o novo Ministro da Justiça – e, portanto, coordenador da PF não cruza os bigodes com o ex-juiz.
A PGR, “mordida” com a reclamações de Moro de que está sendo “intimidado” com sua inclusão também como “investigado” no inquérito, é outra fonte possível. Muito possível, já que ninguém duvida de que o procurador -geral Augusto Aras tem a pretensão de ser indicado pelo Presidente para uma das vagas a se abrirem no STF.
E, por fim, há o próprio STF, que terá de ser devidamente informado do teor, ainda mais se, do que for denunciado por Moro, algo ainda estiver em curso.
Faria bem a todos se o depoimento fosse aberto, até porque o será, afinal e sub-repticiamente.
Porque as duas partes vão saber de tudo um do outro – e já sabem muito do que fizeram juntos – e o país vai saber apenas do que a cada um deles interessar que saibamos.
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