segunda-feira, 10 de junho de 2019

Lava Jato visava impedir retorno de Lula ao poder, destaca o Le Monde



PUBLICADO NO LE MONDE.


E se o maior escândalo de corrupção na história do país tivesse sido manipulado? Com base em vazamentos potencialmente explosivos, o site norte-americano The Intercept revelou no domingo, 9 de junho, informações indicando que funcionários da investigação de corrupção “Lava Jato” (Ministério Público) no Brasil manobraram para impedir o retorno da antiga o presidente de esquerda Lula no poder em 2018.

O site investigação lançou as acusações depois de ter tido acesso a um grande volume de mensagens privadas, trocadas pelo aplicativo Telegram, entre os promotores anti-corrupção no Brasil e o agora ex-juiz Sergio Moro, responsável por “Lava Jato” e obtido por “uma fonte anônima”. Moro, desde então, renunciou ao Judiciário para se tornar o ministro da justiça do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.


“Apesar de terem assegurado por muito tempo que são apolíticos e motivados pela única luta contra a corrupção, os promotores de ‘Lava Jato’ discutiram entre si formas de impedir o retorno ao poder de Lula e seu partido, o dos trabalhadores “, escreve o site co-fundado pelo jornalista americano Glenn Greenwald.

Se a veracidade dessa troca de mensagens for estabelecida, os jornalistas derrotarão a suposta imparcialidade de Sergio Moro, que teria fornecido orientação e conselhos aos promotores contra o réu sob sua jurisdição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em primeira instância em 2017.

Outras mensagens também revelam que os próprios promotores tinham “sérias dúvidas sobre a existência de provas suficientes da culpa de Lula” no caso de obter como suborno um triplex, que finalmente o mandou para a prisão por oito anos e dez meses depois de uma recente revisão de sua sentença.

Essa convicção impediu que Lula, o favorito das intenções de voto na época, comparecesse à eleição presidencial em outubro passado. Ele sempre reivindicou sua inocência e afirmou ser vítima de maquinações políticas destinadas a impedi-lo de concorrer a um terceiro mandato após os de 2003 a 2010.

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