Escritório comercial em país com embaixada a 65 km de distância não é nada mais do que um ato político
Igor Gielow – Folha de S.Paulo
O Brasil de Jair Bolsonaro criou uma jabuticaba diplomática ao anunciar um escritório em Jerusalém.
Visou agradar os anfitriões em sua visita a Israel, sua base evangélica, o governo de Donald Trump e ainda evitar uma retaliação comercial por parte dos importadores muçulmanos de carne brasileira.
Resta saber se vai funcionar o eufemismo entre aliados, uma vez que a desejada mudança de embaixada micou por ora. Do outro lado, já começou a provocar estragos: a convocação do embaixador palestinopara consultas é um ato igualmente político, mas que poderá ser seguido por outros países de maioria muçulmana e gerar constrangimentos.
A convocação em si tem valor meramente simbólico, dado que as relações com a Palestina não envolvem trocas comerciais ou políticas significativas. Mas a Liga Árabe, que já se opunha à ideia inicial da mudança da embaixada e insinuou boicote de importação de proteína animal, pode ir pelo mesmo caminho e acabar escalando uma disputa diplomática inaudita por aqui.
O movimento é alvo de chacota por parte de diplomatas que acompanham com ceticismo os gestos do seu novo chefe, o chanceler Ernesto Araújo.
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