'Frases de Bolsonaro sobre ditadura são infelizes', afirma Piñera
Após protestos, presidente do Chile se distancia das posições do brasileiro no dia seguinte à visita
Sylvia Colombo – Folha de S.Paulo
Neste domingo (24), dia seguinte da visita oficial do presidenteJair Bolsonaro ao Chile, Sebastián Piñera marcou distância de frases ditas sobre o brasileiro sobre as ditaduras latino-americanas "com as quais não concorda", disse a jornalistas, apesar de elogiar outras de suas qualidades.
Ao ser perguntado sobre quais seriam essas frases, Piñera citou: "Quem procura osso é cachorro", uma das que estampavam os cartazes de protesto de grupos de direitos humanos que pediam que Bolsonaro deixasse o Chile.
Nos dois dias oficiais da visita, houve protestos contra o brasileiro, do lado de fora do palácio de La Moneda e em outros pontos da cidade, por parte de estudantes, organizações de direitos humanos e feministas. A isso, Bolsonaro respondeu, ao chegar, que "protestos assim existem onde quer que eu vá, mas o importante é que, no meu país, fui eleito por milhares de brasileiros".
Piñera disse que frases como a que citou "são tremendamente infelizes". "Não compartilho muito do que Bolsonaro diz sobre o tema."
Na mesma ocasião, Piñera voltou a defender o Prosul, bloco criado em Santiago na sexta-feira (22) e reafirmou não ser um bloco "de países de direita". Disse que respeita a decisão de Uruguai e Bolívia de não assinar a declaração conjunta neste momento, mas reforçou que ambos seguem sendo convidados a fazê-lo mais adiante. E que apenas a Venezuela ainda não está convidada, "por não cumprir com o requisito de ser um país democrático e com respeito aos direitos humanos", mas espera que essa fase logo passe, após o fim da ditadura de Nicolás Maduro.
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