A indicação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz para o cargo de ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República é mais uma porta que se fecha no já complicado caminho para a articulação entre Jair Bolsonaro e o futuro Congresso.
Nos últimos governos, a pasta sempre foi um espaço de diálogo entre os parlamentares e o Planalto, basta ver seus ocupantes:Ricardo Berzoini (com Dilma), Geddel Vieira Lima, Antonio Imbassahy e Carlos Marum, os três com Temer.
Cada vez sobra menos espaço para se resolver no acordo a formação de uma maioria parlamentar para um presidente que dela precisará desesperadamente.
Claro que não deve haver grande dificuldade para a aprovação de medidas conservadoras e antitrabalhador – afinal, é essa a natureza do Congresso. Também as pautas da “bala (maioridade penal, armas ) e da motosserra (eliminação de limitações ambientais) devem passar sem grandes contorcionismos para obter apoio.
Mas na “jóia da Coroa” do mercado – a reforma da Previdência – e nas medidas que mexam com corporações e empresas estatais, a coisa é bem diferente.
Bolsonaro vai se afigurando um misto de Jânio Quadros no isolamento político e de Fernando Collor, na pretensão de dar um choque econômico ao país. A terceira vertente do governo, a do punitivismo e da repressão não tem paralelos em governos eleitos, apenas no início do período militar.
Nenhuma das três comparações deixa de ser aterradora, embora as duas primeiras tenham, ao menos, a vantagem de serem curtas.
A propósito: a pasta ia ser incorporada no superministério de Ônyx Lorenzoni. Que vai murchar ainda mais.
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