Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
A confissão de Michel Temer – feita para que se acredite no inacreditável, que o presidente da Câmara agiu isoladamente no golpe – de que Eduardo Cunha colocou em votação o processo de impeachment da Presidenta da República apenas porque o PT (ele não diz, mas também Dilma) se recusaram a dar três votos que o absolveriam no Conselho de Ética do parlamento é estarrecedora.
Um homem de algum caráter, ainda mais porque era o beneficiário direto de um impedimento da Presidente, não tinha o direito de tratar de algo tão grave como se fosse uma conversinha íntima destas que a gente tem, não concorda, mas deixa para lá, por desimportante.
O que Temer está dizendo é que se rompeu o processo democrático por simples mera chantagem para beneficiar um escroque, flagrado de posse de contas obscuras na Suíça. E ele diz isso candidamente, como se fosse um episódio normal, até um folclore da política.
Michel Temer porta-se como quem tem a canalhice como naturalidade. Não tem padrão moral para dirigir um boteco, o que dirá o quinto maior país do mundo.
Ganha a companhia de uma crônica política, na grande mídia que partilha, contra seus inimigos, deste mesmo padrão ético: “é, isso é triste, mas nos deu a alegria do impeachment”. É ela que permite que um desclassificado moral faça isso impunemente.
Sabe aquilo tudo que você teve de ouvir sobre “pedaladas fiscais”, operações de crédito em desacordo com a Lei de Responsabilidade Social, tudo isso servido ao molho de Lava Jato? Conversa fiada, o impeachment , nas palavras de Temer, é fruto da retaliação de um corrupto a quem não lhe quis ceder à chantagem e garantir sua impunidade.
Assista o trecho de sua entrevista á Band e veja que não há exagero em dizer a Temer, de fato, cabe a frase sobre a ousadia dos canalhas
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