Fernando Brito do Tijolaço
É inacreditável que não se abra um procedimento disciplinar contra o procurador Deltan Dallagnol.
Ele diz hoje à Folha que “não tem instrumentos” para apurar os seguidos vazamentos de depoimentos sigilosos na Lava Jato, embora admita que, em um deles – justamente o que foi parar nos ouvidos do blogueiro Eduardo Guimarães, arrastado à PF para interrogatório – tenha sido possível.
Nos outros, coitado, não conseguiu.
Curiosamente, não se tem notícia de qualquer procedimento da assim chamada Força Tarefa – ou de seu superior, Rodrigo Janot – para apurar as outras dezenas de vazamentos da Lava Jato.
Se eles, como diz Dallagnol,”são ilegais, eles são condenáveis, não devem acontecer”, não é papel dos fiscais da lei abrir investigação se acontecem?
No minimo é uma falta disciplinar, com boa vontade para não ver ali prevaricação, que é crime: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
A coisa chegou ao ridículo, ontem, quando um site de extrema-direita fazia a cobertura do “sigiloso” depoimento de Marcelo Odebrecht a Sérgio Moro. Moro chegou a interromper o interrogatório e hoje farta exibição de celulares de advogados dizendo “não fui eu, não fui eu”.
Mas o juiz, em lugar de solicitar a ação imediata contra um crime que estava em curso, limita-se a dizer que “é lamentável, mas não posso fazer nada”.
Ação imediata só para fazer chegar, correndo, à Globo gravações ilegais de conversas entre Lula e Dilma.
Afinal, crime é apenas o que “nós queremos que seja”.
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