Presidente Michel Temer beija a mulher, Marcela, em cerimônia de comemoração ao Dia da Mulher
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Em
mais um esforço para tentar melhorar a imagem presidencial, o governo
organizou uma solenidade em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O
palácio ficou cheio, mas a ideia se revelou um desastre. E desta vez não
há como jogar a culpa no marqueteiro.
Diante de uma plateia majoritariamente feminina, Michel Temer cometeu deslizes em série.
"Tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao
lado da Marcela, do quanto a mulher faz pela casa, do quanto faz pelo
lar", disse.
"Na
economia, também, a mulher tem uma grande participação. Ninguém mais é
capaz de indicar os desajustes, por exemplo, de preços em
supermercados", acrescentou.
O discurso constrangeu parlamentares e servidoras convidadas para a cerimônia. Nas redes sociais, a repercussão foi ainda pior.
A
secretária de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes, tentou
defender o chefe. "O presidente Michel é muito mais do que palavras",
disse. Fora dos microfones, aliados reconheceram a bola fora. Não foi a
primeira neste campo.
Ao
suceder a primeira presidente mulher, Temer montou um ministério só de
homens, num retrocesso à era Geisel. Completou a obra ao rebaixar a
Secretaria das Mulheres ao segundo escalão do governo.
Em
outro trecho do discurso desta quarta (8), Temer reforçou a impressão
de não ter entendido que estamos em 2017. Ele exaltou o fato de que as
brasileiras passaram a votar. "A mulher representa, e representava no
passado, 50% da população brasileira. E, sem embargo, o fato é que 50%
estava excluído", disse.
O
voto feminino foi instituído em 1932. Oitenta e cinco anos depois, a
exclusão persiste de outras formas. Apesar de serem maioria no
eleitorado, as mulheres não ocupam nem 12% das vagas no Congresso. No
mercado de trabalho, a discriminação também continua. É o que mostram os
dados oficiais sobre renda e emprego, que Temer deveria conhecer
Nenhum comentário:
Postar um comentário