Renan
Calheiros é um vencedor. Réu em ação por desvio de dinheiro público,
alvo de 11 inquéritos no STF, ele acaba de completar o terceiro mandato
na presidência do Senado. Seu último discurso ajuda a explicar por que a
sucessão de escândalos não foi capaz de derrubá-lo da cadeira.
Ao
se despedir, o peemedebista reafirmou um dos valores mais prezados
pelos senadores: o corporativismo. Ele atacou a Lava Jato, reclamou da
Polícia Federal e saiu em defesa de colegas que também são acusados de
receber propina.
"A
política exige reflexão, responsabilidade e altivez", disse, em tom
professoral. Segundo Renan, os políticos não podem ser "uma manada
tangida pelo medo e subjugada pela publicidade opressiva". "Jamais seria
presidente do Senado pra me conduzir com medo", congratulou-se.
A
título de exaltar a própria coragem, o alagoano passou a criticar as
ofensivas da Lava Jato contra senadores suspeitos de corrupção. Ele
acusou a operação de promover "conduções coercitivas impróprias",
"buscas e apreensões ilegais" e "vazamentos manufaturados".
O
peemedebista não citou nomes, mas falava em defesa de aliados notórios,
como o ex-presidente Fernando Collor e o lobista Milton Lyra. Em outra
passagem do discurso, ele condenou a prisão do ex-senador Delcídio do
Amaral, flagrado numa trama para obstruir as investigações.
Fiel
ao estilo de dizer uma coisa para defender seu oposto, o alagoano jurou
defender a "continuidade da Lava Jato". Na mesma frase, pregou a
"pacificação" do país. "Depois das turbulências, é hora de um pouso
suave para o Brasil", recitou.
Ninguém
sabe o que acontecerá com o Brasil após a delação da Odebrecht, mas o
pouso de Renan não poderia ter sido mais suave. No fim do discurso, ele
ainda defendeu a eleição de Eunício Oliveira, a quem definiu como "mais
que um amigo". O "Índio" ganhou de lavada, com os votos de três quartos dos senadores.
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