segunda-feira, 4 de julho de 2016

No escurinho do Jaburu

Blog do Moreno
O encontro do último domingo à noite entre Temer e Cunha remete a um episódio entre Figueiredo e Ulysses. Ambos se odiavam, mas Figueiredo, não se sabe a razão, tentou marcar um encontro sigiloso com Ulysses, também em um domingo à noite. A velha raposa do PMDB sentiu um cheiro ruim no ar e botou a boca no trombone: “O presidente Figueiredo pediu para se encontrar comigo às escondidas, à noite, de madrugada. Nicodemus é que queria se encontrar com Cristo só no escuro. Eu não sou Nicodemus, e o general, muito menos, tem vocação para Cristo”.
O encontro de domingo só não continuou secreto porque a repórter Andréia Sadi, para quem Gilberto Gil costuma cantarolar “Eta menina danada, meu Deus!”, descobriu o fato antes mesmo de ele acontecer e, uma vez consumado, tornou-o público. Cunha negou, mas Temer, acuado pelas evidências expostas por Sadi, foi obrigado a confirmá-lo.
Não foi para ver as emas do quintal do Palácio que Cunha foi ao Jaburu no domingo à noite. Tampouco para comer jamelão, que não dá no mês de junho, pelo menos em Brasília.
Ele foi lá no mato tentar emplacar um candidato para sua própria sucessão, em troca da preservação do mandato.
Mas encontrou um presidente refém do tabuleiro político do Congresso.
Neste momento, se mexer numa pedra desse tabuleiro, Temer corre o risco de não conseguir manter nem o seu próprio mandato.

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