Da Folha de S.Paulo – Aguirre Talento e Ranier Bragon
Registros revelam visitas de operador que teria repassado propina a Cunha
Presidente da Câmara diz que não se lembra de ter encontrado Fernando Baiano nas dependências da Casa
Apontado
como responsável por repassar para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
propina do esquema de corrupção descoberto na Petrobras, o lobista
Fernando Soares esteve na Câmara dos Deputados dias antes de receber os
últimos pagamentos do lobista Julio Camargo.
Camargo
é um dos delatores da Operação Lava Jato e afirmou em depoimento à
Procuradoria-Geral da República que os pagamentos feitos a Soares, mais
conhecido como Fernando Baiano, eram propina e tinham Cunha como
destinatário final. Cunha, que hoje é presidente da Câmara, disse à Folha: "Que eu me lembre, nunca o encontrei lá [na Câmara]".
Segundo
registros de entrada da Câmara, que foram obtidos pelo PSOL e serão
enviados à Procuradoria, Baiano foi ao anexo 4 em 3 de outubro de 2012. É
o principal prédio onde ficam os gabinetes dos deputados federais.
Os
registros, porém, não revelam o local exato a que ele se dirigiu.
Naquela data, Cunha estava em Brasília, de acordo com os registros das
viagens pagas com verbas do seu gabinete nessa época.
Pouco
depois, em 10 de outubro, Julio Camargo repassou R$ 422 mil a uma
empresa de Baiano. Em 30 de outubro, fez o último pagamento a Baiano, no
valor de R$ 377 mil. As transferências foram identificadas pelos
investigadores com a quebra de sigilo bancário das empresas de Camargo.
As
declarações de Camargo e os comprovantes das transferências são as
principais evidências exibidas pelo Ministério Público na denúncia
apresentada contra Cunha ao Supremo Tribunal Federal, que ainda não
decidiu se aceitará a ação penal, o que tornaria Cunha réu.
O
deputado é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela
Procuradoria. Camargo disse que o peemedebista tinha US$ 5 milhões em
propina a receber.
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