247 – O jornal ‘Folha de S. Paulo’ ironiza as 124
viagens do tucano Aécio Neves em avião oficial. A publicação de Otavio
Frias compara o caso às escapadas do que seria o futuro Edward 7º, rei
da Inglaterra entre 1901 e 1910. Leia o editorial:
Oscilando entre a vulgaridade confessa e a sugestão picante, uma
copiosa literatura de entretenimento se produz na Grã-Bretanha em torno
da vida íntima da casa real; Embora feitas em avião oficial, o fato é
que não se registraram justificativas de Estado para tanta movimentação.
Decreto assinado pelo próprio Aécio Neves permitiu seu acesso a
aeronaves públicas em deslocamentos pessoais, "por questões de
segurança".
Não será fora de propósito, em todo caso, invocar o antigo mote da
mais alta condecoração britânica, a Ordem da Jarreteira: "honni soit qui
mal y pense". Abominado seja quem pensar mal de tudo isso. Os ingleses
entendem do assunto.
A curiosidade e a titilação não se limitam aos atuais herdeiros do
trono –estando a rainha Elizabeth 2ª, pelo que se sabe, acima de
pecadilhos mundanos–, mas também a figuras do passado.
Um típico exemplar do gênero, de autoria de Stephen Clarke,
dedicou-se recentemente às não muito discretas escapadas daquele que
seria o futuro Edward 7º, rei da Inglaterra entre 1901 e 1910.
Submetido ao controle rigoroso de sua mãe, a rainha Vitória, o jovem
Albert Edward encontrou maneiras de entregar-se a movimentados, e não
propriamente discretos, lazeres em Paris.
A crônica histórica tende a tratá-lo, hoje, com salaciosa indulgência
–a que se pode acrescentar uma dose de diplomacia, uma pitada de
geopolítica. As sendas de uma produtiva "entente" entre França e
Inglaterra puderam abrir-se, em parte, graças à desenvoltura do membro
da realeza nos estabelecimentos alegres da cidade luz.
As relações entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, sem dúvida, não se
mostram tão tensas como as que marcaram França e Reino Unido ao longo
da história. No papel de governador de Minas, e de herdeiro reluzente
nas ordens do tucanato, o atual senador Aécio Neves aprimorou com garbo,
mesmo assim, os contatos interestaduais.
Foram 124 viagens suas ao Rio de Janeiro, nos sete anos e três meses
em que foi governador (2003-2010), a maioria delas entre quinta-feira e
domingo. Partissem os voos do aeroporto de Cláudio, ao menos Aécio teria
tirado aquela obra, construída com dinheiro público em terras
familiares, do triste abandono em que se encontra.
Embora feitas em avião oficial, o fato é que não se registraram
justificativas de Estado para tanta movimentação. Decreto assinado pelo
próprio Aécio Neves permitiu seu acesso a aeronaves públicas em
deslocamentos pessoais, "por questões de segurança".
Não será fora de propósito, em todo caso, invocar o antigo mote da
mais alta condecoração britânica, a Ordem da Jarreteira: "honni soit qui
mal y pense". Abominado seja quem pensar mal de tudo isso. Os ingleses
entendem do assunto.
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