segunda-feira, 27 de julho de 2015

Boato sobre diálogo só mostrou arrogância de FHC

Por Fernando Brito, do Tijolaço
Três dias depois de iniciada, a "onda" criada a partir do boato – publicado pela Folha – de que o ex-presidente Lula estaria fazendo sondagens para uma conversa entre Dilma e Fernando Henrique Cardoso, produziu-se o que qualquer pessoa de bom-senso sabia que iria se produzir.
Nada, a não ser mais uma demonstração de arrogância do decano do tucanato, que publicou uma nota grosseira dizendo que "o momento não é de aproximação com o governo" e que "qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo".
Grosseira porque se serve de uma especulação para dar foros de verdade ao que ele próprio não é capaz de afirmar que aconteceu: a sondagem para um contato. E porque recusar-se a uma conversa com a Presidente da República significa, na prática, negar-lhe a legitimidade de Chefe de Estado que as urnas lhe deram.
E isso não se faz na democracia, embora não se precise ou nem mesmo se deva concordar com o que diz o governante maior do país.
Fernando Henrique, ele próprio, no final de 2002, convocou para uma conversa os principais candidatos à sua sucessão, para anunciar-lhes que iria, de novo, ajoelhar o Brasil diante do FMI. Todos compareceram, ouviram o então Presidente e suas explicações sobre a "terceira quebra" do país e, mesmo discordantes, reconheceram seu direito de agir como lhe parecia adequado, a alguns meses apenas de sua saída do cargo.
Ninguém lhe disse que não iria a uma "tentativa de salvar o que não deve ser salvo", talvez tenha esquecido o desmemoriado da Sorbonne.
Mas o fato – ou factoide – tem algo mais preocupante do que o jogo-de-cena tucano.
É a autoria desta historieta, que tudo está indicando ser de algum dos "geniais" articuladores políticos de Dilma, que não entendem que há um processo golpista – e não uma mera crise política – em curso e que nele os tucanos estão metidos até a alma.
E, além dela, a atitude de gente que deveria ser politicamente responsável mas que – perdoem a palavra, mas é um gauchismo do qual o caso não permite fugir – se comporta como "cabaçudo", com declarações cobertas de rapapés sobre a especulação lançada com o único objetivo de deixar Dilma e sua disposição de conversar com todos – o que nada tem de errado – com uma imagem de pedinte abandonada e ser "esnobada" pelos tucanos.
Nem mesmo inteligência tiveram para sair com uma declaração formal, do tipo "a Presidenta dialoga com todas as forças políticas que desejem m dialogar, mas não recebeu, até o momento, qualquer manifestação neste sentido do ex-presidente".

Tudo indica que a "ideia genial" proveio de gente que faz de tudo para intrigar Lula com Dilma e que viu na possibilidade de "plantar" esta informação uma forma de atribuir a Lula a covardia com que encara os fatos, foge do combate político e a crença, furadérrima, de que o clube da elite vai ter condescendência com o governo eleito.

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