A PF indiciou 33 investigados por
corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas,
formação de cartel e crime licitatório. Nenhum desses indiciados é
político. Só laranjas foram acusados. Meros funcionários
Enquanto céus e terras se movem para
inventar pagamento de propina com recibo, nas instâncias de
investigação que julgam e condenam políticos só quando são petistas,
tucanos envolvidos em escândalo que em tudo se assemelha ao da Petrobrás
vão saindo à francesa, sob os auspícios da PF e do STF.
Esse caso é uma bofetada no rosto da sociedade, sobretudo da sociedade-zumbi que povoa São Paulo, ainda que esta não se manque.
Na última quinta-feira (4), a
Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o cartel de empresas
fornecedoras de trens para o Metrô e para a CPTM, esquema que operou em
São Paulo entre 1998 e 2008 (dez anos inteirinhos) sem que os então
governadores Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra soubessem
qualquer coisa.
Governante tucano tem direito de “não saber”, ao contrário de governante petista.
A PF indiciou 33 investigados por
corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas,
formação de cartel e crime licitatório. Nenhum desses indiciados é
político. Só laranjas foram acusados. Meros funcionários, tanto das
empresas corruptoras quanto das corrompidas.
Alguns deles ainda trabalham nas empresas estatais paulistas, inclusive.
O perfil de indiciados é muito
parecido com o do escândalo da Petrobrás. São servidores públicos,
doleiros, empresários e executivos de grandes empresas que participaram
de esquema de divisão de contratos com o Metrô de São Paulo e com a
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
As estatais “foram usadas, foram vítimas” do ajuste das empresas, diz a PF. Não são como a Petrobrás (SIC), que “sabia de tudo”…
O que difere em um esquema criminoso
que teve início há 16 anos – e que só começou a ser investigado em 2008
– para o caso Petrobrás é que, de forma espantosa, essas empresas que
corromperam funcionários públicos das estatais Metrô e CPTM fizeram tudo
isso sem envolver um mísero político, segundo a PF.
José Serra, por exemplo, apesar de
ter sido acusado por um ex-executivo da Siemens, Nelson Marchetti, de
ter orientado a multinacional alemã a não entrar com ação na Justiça
contestando a contratação da espanhola CAF na licitação para compra de
384 carros da CPTM, segundo a PF “não sabia” de nada.
Mas Serra não foi o único político
investigado. Em outubro de 2013, a PF tomou depoimentos de dois
ex-diretores da Siemens, em uma delação premiada igualzinha à do caso
Petrobrás. Everton Rheinheimer, um dos delatores, citou deputados do
PSDB, do DEM e do PPS como beneficiários de propinas do cartel.
Porém, alegando falta de indícios, o
Supremo Tribunal Federal arquivou os inquéritos contra o senador
Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB, e contra os deputados federais Arnaldo
Jardim, do PPS, e Edson Aparecido, do PSDB.
Contudo, o escândalo que seria um
esquema dessa envergadura não envolver um mísero político, tem chance
(pequena) de não ocorrer. O Supremo ainda analisa suspeitas contra os
deputados Rodrigo Garcia, do DEM, e José Anibal, do PSDB. Eles foram
citados em delação premiada feita pelo ex-diretor da Siemens Everton
Reinheimer.
Dois ministros já votaram para
acabar com essa coisa incômoda de investigar demos e tucanos e
decidiram-se pelo arquivamento da denúncia. Outros dois posicionaram-se a
favor da continuidade da investigação. O julgamento, porém, foi
interrompido por pedido de vista de um dos ministros.
O recurso de “acompanhamento
processual” do site do STF mostra quem decidiu o que no STF após a
escandalosa conclusão da PF, que age de forma tão diferenciada quando os
envolvidos em escândalos são do PSDB. Confira, abaixo, o que diz o
andamento do processo 3815 do Supremo.
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