247 - Alvo central da totalidade dos críticos da
política econômica – do ex-ministro que deixou o cargo com mais de 80%
de carestia ao ex-presidente do BC que jogou no mercado cerca de US$ 50
bilhões em reservas para segurar o câmbio, passando por jornalistas não
especializados, donos de fortes currículos acadêmicos e até consultores
de bases empíricas – a inflação está entrando na categoria de assunto do
passado.
Divulgado nesta sexta-feira 8, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) mostrou variação de 0,01% sobre junho, quando também havia
subido abaixo das expectativas, em 0,40%. O indicador confirmou o que
todas as projeções do mercado já indicavam: ao contrário das previsões
em cascata sobre descontrole e disparada, feitas nos últimos meses, a
taxa inflacionário fechará o ano dentro da meta de 6,5%, mais para o
centro do que para a banda de cima. A explicação a baixa taxa de julho
está na queda dos preços dos alimentos e das passagens aéreas.
Nas apresentações dos executivos do BC ao mercado, a expressão
"inflação resistente" já foi abolida dos slides. Isso significa que a
autoridade monetária está segura do prosseguimento da estabilidade nos
preços. O mercado já está convencido, por outro lado, de que não haverá
mais aumentos de juros até o final do ano.
Essa realidade esvazia as conclusões e prejudica os argumentos de
inúmeros comentaristas da cena econômica, que apostavam em nada menos
que no descontrole e o caos.
Pelo Itaú Unibanco, que acaba de reportar lucro de R$ 4,2 bilhões no
2º trimestre e redução da inadimplência ns contratos de crédito, o
economista-chefe Ilan Goldfjan chegou a pedir e insistir, mais de uma
vez, na adoção de um plano de desemprego como única forma de domar
dragão. Formou ao lado dele nessa espécie de cruzada cívica ao
contrário, o também ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman.
Ex-economista chefe dos bancos ABN-Amro e Santander, ele atualmente
ocupa o cargo de colunista do jornal Folha de S. Paulo.
A atividade da economia, é certo, esfriou nos últimos meses, com
redução na criação de novas vagas de trabalho, mas ainda com saldo
positivo. E não foi preciso chegar aos níveis da recessão para controlar
a inflação. Com o instrumento, basicamente, de elevações na taxa Selic,
o BC está provando que vai sendo possível manter a taxa na meta sem
provocar a crise social resultante de um reivindicado desemprego. Agora,
segundo indicam alguns dos principais executivos da autoridade
econômica, poderá ocorrer, paulatinamente, uma apreciação do câmbio –
outra reivindicação dos críticos –, com o objetivo de dinamizar o setor
exportador. Isso sem deixar com que, nas contas do governo, a inflação
volte a ser um problema de graves proporções.
As previsões oficiais são de crescimento do PIB de pouco mais de 1%
este ano. Este parece ser o preço a pagar pelo controle da taxa, o que
foi, repita-se, solicitado com ênfase pelos comentaristas da cena pelo
campo da oposição. O bom resultado está sendo confirmado a cada dia. Há,
é claro, quem não enxergue nisso nenhuma vitória. Em informe a
investidores, o fundador da consultoria Empiricus – que deixou o
anonimato ao ser proibida, na semana passada, de divulgar análises
consideradas partidarizadas pelo Banco Central -, Felipe Miranda,
saiu-se com a tese da "inflação escondida", que aumentaria em até 2% os
índices apurados por fontes confiáveis.
Miranda é mais um que ficou falando sozinho, atropelado pela
realidade. Como mostra a montagem de imagens da manchete de 247, quem
está acertando, de fato, quanto a inflação, é a trinca formada pela
presidente Dilma Rousseff, o ministro Guido Mantega e o presidente do
Banco Central, Alexadre Tombini. No lado esquerdo.
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