O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro
(CEV-Rio), Wadih Damous, disse que a morte do coronel reformado do
Exército Paulo Malhães, de 76 anos, pode ter sido “queima de arquivo”. O
coronel foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25) em Nova
Iguaçu, Baixada Fluminense. A comissão vai cobrar uma investigação
minuciosa sobre a morte do militar.
“Nós queremos e esperamos que se abra imediatamente uma investigação
rigorosa e que leve em consideração a possibilidade de queima de
arquivo, de pessoas que não querem que a verdade sobre a época da
ditadura venha a tona, já que o coronel tinha resolvido falar. Só para
nós ele tinha prestado mais de 20 horas de depoimento”, disse o
presidente da CEV-Rio.
Para Wadih Damous, não se pode ignorar o passado do militar, que há
um mês admitiu a participação em episódios de tortura durante a ditadura
militar. “É uma morte que não pode ser tratada como uma ocorrência
policial qualquer, ainda mais se tratando de quem se trata. Era um
agente graduado da repressão política, que se envolveu como protagonista
de episódios emblemáticos da época da ditadura, como mortes e
desaparecimentos. Tem que se averiguar a hipótese de que pode ter sido
morte por encomenda”, reiterou.
No início da tarde de hoje, o coordenador da Comissão Nacional da
Verdade (CNV), Pedro Dallari, pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, que a Polícia Federal acompanhe o caso junto com a Polícia
Civil do Rio de Janeiro. Para a CNV, o crime deve ser investigado com
“rigor e celeridade”.
De acordo com a polícia, três homens invadiram a casa do coronel,
amarraram a mulher dele e o caseiro, e procuraram armas. Durante a ação
dos criminosos, o militar foi morto. O corpo do coronel está no
Instituto Médico-Legal de Nova Iguaçu, onde será determinada a causa da
morte.
A Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva” também divulgou
nota em que manifestou “surpresa e preocupação com o assassinato” do
coronel. A entidade lembra que Malhães revelou “detalhes importantes
sobre a execução sumária e a ocultação do cadáver do ex-deputado Rubens
Paiva, além de outras informações sobre o funcionamento da chamada ‘Casa
de Morte’ de Petrópolis”.
“As circunstâncias em que ocorreu o assassinato de Paulo Malhães, no
interior de sua própria residência, sem que nada tenha sido subtraído e
na presença de seus familiares, indicam a necessidade de uma apuração
rigorosa e célere dos fatos para que se desvende, o mais rápido
possível, a motivação desse crime”, diz a nota.(blog da folha)
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