Edição especial da revista dedicada ao
empresário Roberto Civita destaca um editor equilibrado, que "abominava
os extremos na política" e pregava a "busca honesta da verdade";
obituário feito pela revista Forbes, no entanto, aponta a Abril como uma
das casas editoriais mais odiadas do Brasil, em razão da opção pela
direita radical e de sua oposição clara ao Partido dos Trabalhadores
247 - Dificilmente, seria diferente.
Mas já que Veja decidiu dedicar uma edição especial ao seu criador
Roberto Civita, faltou aplicar critérios jornalísticos à apuração. Das
dezenas de páginas escritas sobre ex-presidente da Editora Abril,
falecido há uma semana, emerge um editor equilibrado, apaixonado pela
verdade e sem inclinações políticas ou partidárias.
Na carta ao leitor, escrita pelo diretor Eurípedes
Alcântara, Civita é apontado como um editor que "abominava os extremos
da política" e que montou uma equipe empenhada em "publicar na revista o
resultado da busca honesta da verdade".
Nada mais falso. O que transformou Civita em uma
"referência", como definiu a presidente Dilma Rousseff, foi justamente
seu engajamento e sua opção clara contra o PT e qualquer iniciativa de
natureza trabalhista ou popular. A diferença de Veja em relação a outras
publicações de corte conservador e liberal, como a britânica The
Economist, é o fato de que lá – ao contrário daqui – as opções políticas
são assumidas abertamente por seus editores.
Sobre a busca honesta pela verdade, também não há amparo
na realidade – os dólares de Cuba que o digam! De alguns anos para cá,
Veja se destacou justamente pela busca apaixonada dos seus objetivos
políticos – como ficou claro, por exemplo, na cobertura da Ação Penal
470, em que ministros do Supremo Tribunal foram vergonhosamente
intimidados.
Por isso mesmo, a revista americana Forbes, que também tem
inclinações conservadoras, escreveu um obituário mordaz – e mais
preciso – sobre Civita. Segundo a revista, a Abril seria uma das "casas
editoriais mais odiadas do Brasil", em razão de sua opção pela direita e
da oposição clara ao Partido dos Trabalhadores (leia a íntegra em
http://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2013/05/27/billionaire-roberto-civita-brazilian-media-baron-dies-at-76/).
Ao abraçar o radicalismo, Civita deixa um legado difícil
para seus sucessores Giancarlo, Roberta e Victor, que serão tentados a
manter a receita editorial do pai, num momento em que os dividendos
políticos – e econômicos – desse modelo parecem estar chegando ao fim.
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