sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CASO VALÉRIO: A MÍDIA ENREDA-SE NAS PRÓPRIAS PALAVRAS



Eliane Cantanhêde, a colunista que não caiu no "ardil"
O falatório midiático conservador parece enredar-se nas próprias palavras, e as ameaças implícitas nas recentes “reportagens” que garantiam revelações mirabolantes por parte do publicitário Marcos Valério parecem minguar.  

Por José Carlos Ruy

De um lado, cresce a suspeita de que o depoimento secreto de Marcos Valério à procuradoria-geral da República teria sido vazado ao panfleto de direita paulistano, a revista Veja, pelo próprio procurador geral Roberto Gurgel, o mesmo a quem caberá o destino a ser dado à representação do PPS e do senador tucano Álvaro Dias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apurações jornalísticas do portal 247 apontam nessa direção – a de que o "entrevistado" de Vejaseria não Valério, mas o próprio Gurgel. E o senador Fernando Collor fortaleceu esta suspeita quando encaminhou ofício, na terça-feira (6), ao procurador Gurgel para que ele esclareça a data e o local em que a Procuradoria-Geral da República tomou o “depoimento secreto” de Marcos Valério. Collor deixou clara sua suspeita de uma ação circular: o procurador teria tomado o depoimento de Valério e vazado trechos à revista Veja, cujas reportagens ancoraram uma representação contra Lula que será avaliada pelo próprio Gurgel.

Nessa linha, mesmo uma colunista insuspeita de simpatias pelo ex-presidente Lula como Eliane Cantanhêde acredita que "denúncias giratórias" não parecem nada verdadeiras e podem não convencer o Supremo Tribunal Federal a favorecer Marcos Valério com o beneficio pretendido de abrandamento da pena, escreveu ela em sua coluna publicada na Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (8), intitulada apropriada e significativamente “Ardil”. São alegações que “carecem de provas e de oportunidade”, escreveu, “e, quando vão de Santo André a Marte e Saturno, perdem credibilidade a cada quilômetro percorrido rumo ao nada”. Segundo ela, “os ministros suspeitam que possa haver uma "estratégia ardilosa" por trás do que Valério tem dito, ora à Procuradoria, ora à revista Veja”, estratégia através da qual Valério estaria operando “um processo - ou uma tentativa - de procrastinação indefinida das condenações e prisões”, estratégia da qual outros condenados poderiam se beneficiar devido ao fato de que “novas revelações” podem gerar pedidos de vista e novos procedimentos judiciais capazes de empurrar para as calendas o cumprimento das penas.

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