O certo é que Lula tem um caminho pedregoso pela frente, até a eleição de 2014. Se ainda usasse barbas, deveria botá-las de molho...
Na análise que fiz sobre o 2º turno da eleição paulistana (ver aqui), pensei em incluir um alerta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recomendando que reforçasse sua segurança.
A vitória de Fernando
Haddad, aposta temerária de Lula que deu certo, praticamente afastou
qualquer possibilidade de não ser ele o candidato do PT à eleição
presidencial de 2014, com enorme chance de conquistar o terceiro
mandato.
Ora, há direitistas dispostos a tudo para quebrarem o círculo virtuoso do lulismo.
As analogias históricas não podem ser descartadas, pois as repetições das tragédias ocorrem amiúde --e nem sempre como farsas.
Em 1945, as forças
retrógradas pensaram que bastaria uma pequena ajuda estadunidense para
se livrarem de Getúlio Vargas, a pretexto da supressão de uma ditadura
semelhante às derrotadas nos campos de batalha da II Guerra Mundial.
O objetivo imediato foi
conseguido, com o pressionado Vargas abdicando do poder e de concorrer à
eleição presidencial imediata. Contudo, ele apoiou o poste Eurico
Gaspar Dutra, fazendo com que fosse eleito; depois, sucedeu-o pela via
democrática.
Os reaças contra-atacaram com a articulação (capitaneada pela UDN) para forçar o seu impeachment, por corrupção, em 1954.
Se tal cartada também
tivesse falhado, qual seria o passo seguinte? Sabe-se lá. O certo é que
quem vai tão longe, não volta atrás; joga cada vez mais pesado.
O lulismo já está no terceiro mandato presidencial e a conquista do quarto parece ser favas contadas. O escândalo do mensalão não produziu o mesmo resultado do mar de lama, assim como o Cansei! não conseguira bisar a Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade.
Então, minha
sensibilidade política, no próprio domingo da eleição, era de que alguma
ação mais contundente seria tentada pela direita, já que nas urnas
ficou bem difícil barrar Lula. Mas, como muita gente confunde reflexão com torcida, acabei deixando pra lá. Estou cansado de ser mal interpretado.
A notícia d'O Estado de S. Paulo,
de que o condenado Marcos Valério Fernandes de Souza oferece-se para
incriminar Lula em troca de uma vaguinha no programa federal de proteção
à testemunha (o que o livraria do xilindró), mostra uma alternativa à opção Kennedy, com a vantagem de não deixar para trás perguntas que não querem calar.
Seria baterem de novo na tecla mar de lama,
só que agora com pata de elefante, envolvendo Lula inclusive na morte
de um ex-prefeito de Santo André, o arquivo queimado Celso Daniel.
Vamos ver o que
decidirão o procurador-geral da República e o Supremo Tribunal Federal.
Pode-se depreender que a proposta indecente do traira tendia a não ser
aceita, daí terem-na vazado para a imprensa, visando constranger Roberto
Gurgel e o STF. Já há ministros do Supremo admitindo que Valério seja
protegido.
O certo é que Lula tem
um caminho pedregoso pela frente, até a eleição de 2014. Se ainda usasse
barbas, deveria botá-las de molho...
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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